Rouge, uma banda sob encomenda

As cinco vencedoras de Popstars, do SBT, tiveram de mudar os penteados, emagrecer e tomar lições de palco. Agora, lançam seu primeiro CD e vão aos palcos

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Por Agencia Estado
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Politicamente correto, o grupo é formado por duas loiras, duas negras e uma mestiça. Elas vestem figurino moderninho tipo Spice Girls, dão agudos no estilo Whitney Houston e cantam com os garotos do KLB. Elas formam a Rouge, banda composta pelas cinco vencedoras do reality show Popstars, do SBT. Aline Silva, Fantine Thó, Karin Pereira, Luciana Andrade e Patrícia Lissa bateram 30 mil concorrentes em várias eliminatórias. Produzidas e "domesticadas" para, como um meteoro, alcançarem o status de celebridades nacionais, elas já deram início à maratona. Mudaram os penteados, mexeram nos cardápios para perder peso, tiveram aulas de postura de palco e psicólogos ensinam como se comportar em público e com a imprensa. Ninguém revela números, mas a aposta da Sony e da RGB (produtora internacional, criadora do Popstars) é alta. As "Spice Girls brasileiras" (como são chamadas) já assinaram contrato com a gravadora para lançar quatro CDs. Ontem mesmo foram distribuídas nas lojas 150 mil cópias do primeiro trabalho, que leva apenas o nome da banda. "Nos próximos dias, vamos lançar 150 mil cópias", diz Alexandre Schiavo, vice-presidente de Marketing da Sony Music. Caso decolem, as garotas também deverão virar bonecas e artigos de papelaria. No dia 31, a Rouge subirá em um palco pela primeira vez, em dois shows, às 17h30 e 20h30, no Via Funchal. E, a partir desta semana, a gravadora fará o possível para que a música de trabalho, Não Dá para Resistir (versão de Milton Guedes para a música Irresistible de Frederik Thomander), alcance o topo das paradas das rádios. "Não vejo a hora de começar a trabalhar! Ainda não acredito que sou uma popstar!", disse Karin. "O principal critério utilizado na escolha das meninas foi a harmonia em grupo e talento", explica Rick Bonadio, produtor e um dos jurados do programa. Diante da declaração de Bonadio, as garotas sorriem. Aline, Fantine, Karin, Luciana e Patrícia ainda não ostentam o comportamento de "popstars". E, apesar das roupas de grife e dos cortes de cabelo moderninhos, parecem garotas comuns, dessas que podem ser facilmente vistas no metrô ou ônibus da cidade. Todas têm belas vozes e fazem questão de provar que cantam, em uma canção gospell no final da coletiva. "Não precisamos fazer playback", avisa Luciana. De fato, todas revelam talento para terem chegado "ao trono". Mas as garotas têm a mesma forma de interpretar e bebem da mesma fonte de outros calouros: sejam do Popstars, Fama ou do Raul Gil, todos os "aspirantes a astros da música popular brasileira" adotam os floreios da música black americana, ao estilo de Whitney Houston, Celine Dion e Jennifer Lopez. E a inspiração é declarada. "Todo o repertório foi colhido no exterior", diz Liminha, produtor da Sony Music. "Ouvi pilhas de CDs de compositores brasileiros, mas nenhum me agradou", completa. As meninas já seguem na estrada, mas o show na televisão continua. Com uma proposta bem parecida com a de Fama da Globo, Popstars é uma espécie de documentário sobre a formação de um grupo pop. "Agora vamos mostrar como elas vão se transformar em verdadeiras popstars", diz Schiavo. Com isso, o show na tevê segue até metade de setembro. Apesar da expectativa, o programa teve atuação modesta. Sua média no Ibope ficou entre 14 e 16 pontos. Apenas dois a mais do que as novelas infantis transmitidas no horário, um desempenho abaixo do similar Fama, da Globo, que ficou na casa dos 20 pontos. E, recentemente, ganhou de um jornal o título de "pior reality show do ano". "As críticas fazem parte", acredita a popstar Fantine, em um discurso previamente preparado.

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