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Rock in Rio: Johnny Hooker, Liniker e Almério fazem show mais político do festival

Cantor do Recife, na companhia de Liniker e Almério, não esqueceu de também cantar o amor 

Por Pedro Antunes
Atualização:

RIO - "Deixa eu bagunçar você?", pergunta Liniker acompanhada de sua banda Caramelows? E aí, deixa? O público, que se reuniu em grande número em frente ao Palco Sunset,respondeu de cara. Em coro, cantavam. Em uníssono, vibravam. Em casais, beijaram. Em comunhão, celebraram. 

Johnny Hooker,Liniker eAlmério fazem o segundo show do Palco Sunset, no terceiro dia do festival Rock in Rio, neste domingo, 17 Foto: Fábio Motta/Estadão

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Celebraram o atual momento da cultura nacional. Uma cena vibrante, representada por três artistas que se revezaram ao microfone (e, por vezes juntos) para cantar a igualdade. Antes de Zero, a "canção da bagunça", Liniker avisou: "Essa música é dedicada a todas as afetividades. A todas as formas de amor".

Um momento que ferve as convenções, uma geração que promove um diálogo (ou seria evolução) a respeito de uma sociedade em transformação - e que seja para melhor. Porque um beijo entre Hooker e Liniker, ao final do belo dueto de Flutua não deveria ser uma contravenção. Deveria ser o que é. Um beijo. 

E acabou por se tornar, o show de Johnny Hooker com os convidados Liniker e Almério, também o mais político do festival. Na atitude dos três no palco, na mensagem, na postura. Como já fizeram artistas no passado, quando o posicionamento político estava explícito e implícito nas suas canções, os três expressam o que sentem e pensam. Escancaram a insatisfação, como quando Liniker cantou um "fora Temer" em meio aos versos desesperadamente românticos de Zero

O público vibrou quando a frase 'Amar sem temer' apareceu no telão. Foi oshow mais políticodo festival até agora. Foto: Gabriel Sayão/Estadão

O público respondeu com gritos de aprovação, com o coro da mesma frase, entre uma canção e outra. Quando o telão ao fundo do palco exibiu a frase "amar sem temer", cuja interpretação é livre àquele que a lê, mais palmas de aprovação. A comunicação entre artistas e público estava em sintonia ali. 

Era um show de Hooker com convidados, então o artista do Recife brilhou, todo coberto de lantejoulas douradas, prontas para refletir o sol do fim de tarde de domingo, 17. Alma Sebosa, cantada no início da performance, é um amor raivoso, daqueles que quer se arrancar do peito à força. 

É daí que vem a arte de Hooker, da intensidade que se ama. Para o bem ou para o mal, ama-se como se fosse o último romance, a ponto de colocar fim na existência. Impiedoso, esse amor machuca e sangra, tal qual cantado em Amor Marginal, outra cantada a pleno pulmões, no palco e no lado de cá, do público. Com Almério, Hooker canta a saudade ardida de Volta - sozinho, o também pernambucano Almério executou Respeita Januário, de Luiz Gonzaga. 

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Juntos, os três executaram Não Recomendado, canção de Caio Prado, uma pedrada das mais políticas. Ao final, os três cantores exibiram uma bandeira com a frase: "Acreditamos em um mundo melhor #amazonialivre". E assim, no tom politizado, chegou ao fim um show sobre o amor. 

Afinal, o amor também é político. Em tempos de ódio, o amor é remédio. É a solução.

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