Para sua aventura solo, distante da Bande Dessinée, Felipe Barros procurava um novo nome para assinar a produção. Pegou emprestado o apelido de família, onde é chamado carinhosamente de Barrinho e criou para si o codinome Barro. “Tem algo de conectar com a terra, tem a referência bíblica da criação do homem. É orgânico.” Com Barro nasce Miocárdio, o disco de estreia do pernambucano, que há dez anos, pelo menos, movimenta e instiga a cena musical do Recife. Cinco das 13 canções do álbum foram produzidas por Gui Amabis. O restante foi trabalhado por Barro e sua trupe – Rogério Samico, Ricardo Fraga, William Paiva e Guilherme Assis.
Delicado, o álbum mostra Barro cercado dos seus. Como ele diz: “Com a banda, estou em um coletivo fixo. Com o projeto solo, vivo em um coletivo móvel”. Ele, que não é a voz protagonista de Bande Dessinée, exibe a rouquidão saborosa em todas as faixas, mas também divide os microfones com três grandes cantoras. Catalina García, do grupo colombiano Monsieur Periné, vencedor de um Grammy Latino e indicado para o Grammy principal, compartilha os vocais com Barro na bela Volver. Dona de grande voz, Juçara Marçal canta em francês em Nouvelles Vagues. Já Lisa Moore, da banda Blood and Grass, empresta sua voz para a delirante No More.
Miocárdio, o disco, é coração, como o nome diz. O músculo que pulsa a vida e que leva, metaforicamente, a culpa pelo lado emocional de cada um. São amores – e todas as formas dele –, que compõem a estreia de Barro.