Paul McCartney lava a alma do público em Brasília

Ex-Beatle entrou no palco com mais de uma hora de atraso

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Por Rafael Moraes Moura
Atualização:

Atualizado às 9h24 de 24/11.

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BRASÍLIA - Foi o maior espetáculo que o novo Mané Garrincha já viu, deixando para trás Messi, Neymar e todos os outros craques da Copa do Mundo que pisaram ali. Caiu uma chuva torrencial antes, mas foi Paul McCartney quem lavou a alma do público de Brasília, que lotou a arquibancada e o gramado do estádio, neste domingo (23), para testemunhar a primeira apresentação do eterno Beatle na capital federal. Com uma hora e dez minutos de atraso, sir Paul subiu ao palco e abriu a noite com

Magical Mistery Tour

, levando as 46 mil pessoas presentes ao êxtase instantâneo e transformando o Mané numa constelação de flashs, mãos para o alto, sorrisos, lágrimas.

“Oi, Brasília. Boa noite. Esta noite vou cantar e falar um pouco português, mas mais inglês", disse Paul, num português simpático treinado sob medida para levar o público ao delírio. "Isso aqui está bombando."

O cantor Paul McCartney durante show no Estadio Mane Garrincha, em Brasília Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO

Ao contrário das exibições anteriores da turnê Out There, Paul não abriu o setlist com Eight days a week. De Magical mistery tour avançou no tempo e cantou Save us, do álbum New, lançado no ano passado. E emendou uma sequência irresistível, iniciada com All my loving, seguida por Listen to what the man said, Let me roll it e culminando em Paperback writer.

Contagiado, tirou o blazer vermelho, arranhou mais português (“Obrigado”, “minha banda fantástica”, “Querem mais?”) e ganhou um tigre de pelúcia atirado por algum admirador. Não faltou nem uma bandeira brasileira para ser tremulada.

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“Esta música eu escrevi para a minha mulher, Nancy”, disse, num dos momentos mais doces da noite, quando entoou My valentine, enquanto um videoclipe mostrava Natalie Portman e Johnny Depp fazendo a linguagem de sinais com a letra da canção.

O show pirotécnico de Live and let die, música-tema de James Bond, empolgou o Mané Garrincha. A chuva esboçou uma trégua durante boa parte da noite, mas fez uma reapresentação apoteótica mais tarde, nos primeiros versos de Hey Jude. Na hora do refrão, um grupo de fãs levantou papéis com a sílaba “Na” e nem os comportados da arquibancada resistiram, decidindo abandonar as poltronas e acompanhar de pé o clímax do show.

O primeiro bis começou com Day Tripper, e houve quem achasse que tudo já tivesse terminado quando Macca retornou ao palco para o segundo bis, com Yesterday, Helter Skelter e Golden Slumbers. “Até a próxima”, se despediu, sob chuva – desta vez, de papel picado – e fogos de artifício.

Atrasos. A apresentação de Paul McCartney marcou mais uma tentativa do governo do Distrito Federal de transformar o Mané Garrincha num espaço multiuso. Desde a sua inauguração, o estádio recebeu dez eventos musicais, entre shows e festas – Beyoncé, Aersomith e Whitesnake já se apresentaram no estádio, que custou mais de R$ 1 bilhão aos cofres públicos.

O temporal que desabou sobre Brasília provocou uma série de transtornos, atrasando a entrada do público e a passagem de som e escancarando os problemas de acabamento na novíssima arena, que enfrenta uma série de infiltrações.

Uma senhora reclamou à reportagem sobre a falta de papel higiênico nos banheiros. O Detran fez interdições no trânsito que tornaram ainda mais caótica a saída do público. Erros crassos, mas depois de um show desses, de duas horas e quarenta minutos que ninguém viu passar, quem é que poderia voltar para casa reclamando?

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