Osesp lança temporada em busca de mais público

Orquestra criou novas séries, incluindo apresentações gratuitas

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Por João Luiz Sampaio
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Um total de 32 programas distintos, divididos ao longo de 134 concertos, vão compor a temporada 2018 da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. As grandes novidades preparadas pelo grupo, no entanto, não estão apenas nas listas de maestros e solistas convidados ou mesmo nas obras a serem apresentadas: em busca de um público mais amplo, o grupo criou novas séries de assinaturas, mais flexíveis, e conjuntos de apresentações gratuitas ou com preços reduzidos.

Marin Alsop. Ingressos terão ainda preços referentes ao valor do Vale Cultura Foto: Manuela Jans/Lucerne Festival via The New York Times

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Além das séries tradicionais, a Osesp agora terá uma série na qual o espectador pode escolher livremente dentre os concertos, a partir de quatro programas diferentes, com vantagens, como o uso do banco de ingressos, anteriormente não disponíveis. Também haverá ingressos em todos os programas no preço do Vale Cultura – a orquestra, no entanto, não informou a quantidade. Também passa a ser realizada a série Grandes Clássicos, em que o maestro Isaac Karabtchevsky vai reger obras célebres, como a Sinfonia n.º 6 de Beethoven, a Sinfonia n.º 4 e aberturas de óperas, com ingressos a preço único de R$ 50 (o valor dos ingressos para as demais apresentações, que agora podem ser comprados já a partir de fevereiro e não mais apenas a partir de 60 dias antes dos concertos, vai de R$ 50 a R$ 238). Há ainda duas séries gratuitas: um festival Villa-Lobos, em fevereiro, para celebrar o fim da gravação das sinfonias do compositor; e uma série de cinco concertos com os vencedores do Concurso Jovens Solistas, com regência de Neil Thomson.

O tema da programação é Natureza dos Sons. “Poucas culturas têm riqueza natural como a nossa; e poucas também, semelhante patrimônio musical, com enorme variedade de gêneros e estilos. É bem verdade, no entanto, que a música, tanto quanto a natureza, vem sendo ameaçada, de muitos modos, nesse período tão complexo. Cuidar da música, como cuidar da natureza, vai-se tornando, mais do que nunca, exercício de convicção, uma prática diária de persistência, em tempos de crise”, explica o diretor artístico Arthur Nestrovski na apresentação da temporada. O artista em residência será o flautista Emmanuel Pahud e o compositor visitante, o francês Phillipe Manoury; Natalie Stutzman completa em 2018 seu período como artista associada.

A Fundação Osesp sofreu, nos últimos anos, com reduções no repasse de verbas da Secretaria de Estado da Cultura, entre 2014 e o início deste ano, na casa dos 35%. Questionada sobre as previsões para 2018, a fundação afirma que ainda não tem os valores fechados, pois o “orçamento ainda está em fase de construção”. O grupo informou, no entanto, por meio de nota, que a “previsão é de que valores e atividades sejam similares a 2017, com os devidos ajustes e correções inflacionárias”. O texto diz ainda que as despesas operacionais totais da fundação (incluindo a manutenção da sala, equipes técnicas e o Festival de Inverno de Campos do Jordão) foram de R$ 91 milhões em 2016 e de que, em 2017, a projeção é de R$ 85,9 milhões.

A abertura oficial da temporada será nos dias 8, 9 e 10 de março, com Marin Alsop regendo a Sinfonia n.º 7 de Mahler. Em 2018, a diretora musical estará à frente do grupo em dez semanas, número mínimo previsto pelo seu contrato, incluindo uma apresentação com a orquestra no início de julho, dentro do Festival de Inverno de Campos do Jordão. Entre as obras que ela vai reger estão peças de Beethoven, Tchaikovski, Stravinski, Villa-Lobos, Prokofiev e Händel.

Alsop também rege obras de Leonard Bernstein, que foi seu professor, de quem se comemoram os 100 anos de nascimento – uma série de peças do autor estará presente ao longo do ano. Beethoven e Stravinski também terão ciclos dedicados a suas composições. Do primeiro, a Osesp fará a integral das sinfonias, regidas, além de Alsop, por Karabtchevsky, Thomson, Stutzmann, Valentina Peleggi (regente em residência), Louis Langrée e Arvo Volmer. Do segundo, serão interpretadas obras consideradas essenciais, como seu Concerto para Violino (com solos de Pekka Kuusisto) e o balé A Sagração da Primavera. O compositor italiano Gioacchino Rossini também será lembrado, nos seus 150 anos de morte, com um concerto com árias interpretadas pela soprano brasileira Camila Titinger, entre outros.

Entre os solistas, são muitos os pianistas, como Steven Osborne, Tamara Stefanovich, Igor Levit, Roger Muraro, Fabio Martino, Gabriela Montero, Jean-Louis Steuerman, Lucas Thomazinho e Marcelo Bratke. Dois importantes destaques são as presenças de Nicolai Lugansky (Concerto n.º 4 de Beethoven) e de Pierre-Laurent Aimard, que vai interpretar obras de George Benjamin, Ravel e Bartók com a Osesp, além de fazer recital com Stefanovich, dedicado a Brahms e Messiaen. O trompista Christian Lindberg, por sua vez, vai atuar como solista e como regente.

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DESTAQUES Novas séries Na série Grandes Clássicos, serão apresentadas obras célebres, com ingressos a R$ 50; Viva Villa, dedicada a Villa-Lobos, e a série Maratona Mozart, com cinco concertos com os vencedores do Concurso Jovens Solistas, serão gratuitas

Compositores Com diferentes maestros, orquestra vai interpretar as nove sinfonias de Beethoven. Stravinski, Rossini e Bernstein também terão programações especiais. Entre os brasileiros, destaque para Aylton Escobar, Ronaldo Miranda e Almeida Prado

Artistas convidados O flautista suíço Emmanuel Pahud será o Artista em Residência; entre os solistas convidados, destaque para os pianistas Nicolai Lugansky e Pierre-Laurent Aimard, além dos brasileiros Lucas Thomazinho e Jean-Louis Steuerman