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No Tomorrowland, há quem abra mão do banho para economizar dinheiro

No espaço do acampamento, 4 minutos de ducha saem por R$ 16; segundo dia do festival atraiu 60 mil pessoas

Por João Paulo Carvalho
Atualização:

Atualizado às 20h20

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Embora todos os banheiros do chamado Dreamville, o acampamento do Tomorrowland, sejam equipados com duchas, o banho parece ser algo distante pelo menos para algumas pessoas que vieram com o dinheiro contado para se divertir no festival de música eletrônica realizado em Itu, no interior de São Paulo. O evento teve início na sexta-feira, 1.º, e se estende até este domingo, 3. "Moço, não dá para gastar grana com essas coisas, tudo aqui é tão caro. Preciso comer, não é?", afirmou a vendedora Jaqueline Almeida, de 22 anos. A jovem, que chegou ao Parque Maeda na tarde de sexta-feira, 1°, e vai ficar até domingo, 3, trouxe lenços umedecidos para amenizar a "falta de água". "É o jeito. Não tem muito o que fazer. Festival é assim mesmo", conclui.

Os mineiros Jaime Murilo, de 21, e Luisa Andrade, de 20, estão em Itu desde quinta-feira, 30. Ambos tomaram apenas 1 banho desde então. "O único problema do festival até aqui é o preço das coisas. Está tudo muito caro, incluindo a ducha. Não dá para pagar R$ 16 em um banho de 4 minutos. Foi só uma vez e olhe lá", brinca Luisa. Os jovens chegaram a trazer comida de casa para economizar. Biscoito de polvilho, torradas, salgadinhos e até pasta de amendoim vieram amassados na gigantesca mochila. "Já comemos tudo. Hoje não vai ter jeito, entretanto. Teremos de comprar comida. Entre o banho e a barriga cheia, a gente prefere o estômago forrado", afirma Jaime.

Arthur Alves de Oliveira, de 21, veio da cidade de Helena, em Goiás, e ficou amigo de Jaime e Luisa no Dreamville. As barracas deles eram vizinhas. "Na falta de verba, a gente divide algumas coisas, incluindo comida. Acho que essa é a graça do festival: o compartilhar. É sempre bom conhecer gente nova e dividir experiências", diz o estudante. 

Ainda que o banho não seja unanimidade entre o público que está acampado no Dreamville, há quem não concorde com a falta de higiene do público mais descolado. É o caso da estudante de Engenharia Civil, Djuna Priscila, de 25. Acriana, a jovem, que mora em Curitiba, no Paraná, há 7 anos, afirma que não dá para abrir mão de uma ducha para renovar as energias e encarar um novo dia.

"Acho que dá para reservar um dinheirinho para isso, sim. Basta se organizar melhor", crava. Priscila veio de Curitiba com o irmão para curtir o festival em Itu no final de semana. "Ainda não deu tempo de conferir tudo, mas a infraestrutura é de primeira linha. A organização é diferente de qualquer outro festival. A gente (eu e meu irmão) já tínhamos ouvido falar. O Tomorrowland é muito famoso na Europa, principalmente na Bélgica. Como não dá para ir para lá, resolvemos experimentar o do Brasil", diz.

Outras atrações. Sungas, biquínis e muita azaração: este era o clima da piscina do Tomorrowland Brasil no início da tarde de ontem em Itu, no interior de São Paulo. Com uma temperatura agradável, muitos fãs que vieram ao segundo dia do festival de música eletrônica aproveitaram para se refrescar no espaço. O local faz parte da ação de marketing de uma operadora de cartões. 

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O paraibano Jefferson da Cunha Medeiros, de 25, elogiou a iniciativa. "É ótimo ter uma piscina. A gente pode dar um mergulho e voltar para dançar", afirmou o administrador de empresas. O estudante de Rádio e TV Elias Campos Jaqui, de 21, também aprovou a novidade. "Nunca vi nada parecido. O Wi-Fi funciona legal. Dá para curtir a água e ainda ficar ligado nas redes sociais", disse. Por volta das 16h, o fluxo aumentou e alguns seguranças extras foram colocados no local para controlar a entrada e a saída das pessoas. 

 Mais de 60 mil pessoas compareceram ao Festival Tomorrowland na tarde deste sábado, 2, de acordo com a organização do evento. Na parte musical, o destaque foi o DJ norte-americano Steve Aoki, que atraiu um multidão para o público principal por volta das 17h.

Segurança. O Tomorrowland conta com uma sala especial de vigilância para garantir a segurança no local. Setenta câmeras internas e outras 18 monitoram tudo que acontece no festival durante 24 horas. Uma equipe especial também faz o monitoramento das pessoas nas redes sociais para identificar possíveis problemas de roubo, furto, drogas e violência sexual. De acordo com a organização do evento, não houve nenhuma ocorrência mais grave. Ao todo, foram registrados 4 boletins de ocorrência na primeira noite do festival (sexta-feira).

Cães farejadores também trabalham com a Polícia Civil para evitar a entrada de drogas no Parque Maeda. Segundo a organização do evento, duas pessoas de uma empresa terceirizada foram presas com drogas antes de o evento começar na última quinta-feira. Outras duas também foram presas portando drogas no Dreamville na tarde de sexta-feira, 1.º. 

Na última sexta-feira, 1.º, as mensagens de amor dominaram o primeiro dia do festival.

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