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MPB4 realiza antigo sonho de lançar disco com músicas inéditas

Novo trabalho é 'MPB4 50 anos – O Sonho, a Vida, a Roda Viva!', lançado pelo Selo Sesc e com o qual o grupo se apresenta desta sexta-feira, 13, a domingo, 15, no Sesc Vila Mariana

Por Adriana Del Ré
Atualização:

São 50 anos de história. Na verdade, um pouco mais. Formado em 1965, o grupo vocal MPB4, um dos mais importantes da história da música brasileira, iniciou os festejos da data com um antigo sonho: um disco de inéditas. Quando o último álbum com esse tipo de repertório foi lançado? Aquiles Rique Reis, um dos fundadores do grupo, nem se lembra de cabeça. “Faz muito tempo, desde que teve início a crise da indústria e que não temos mais gravadora, como tínhamos logo que começamos. Sempre ficávamos sujeitos ao que a indústria chama de ‘disco de projeto’”, conta Aquiles, em entrevista ao Estado. “Então, gravamos um disco com músicas de Noel Rosa, de boleros. Tudo muito bom, muito legal, mas perdeu um pouco do que a gente teve no início, que era, inclusive, conhecer novos compositores e lançar os caras, coisa que a gente fez com Kleiton & Kledir, fomos os primeiros a gravar o Guinga. E gravar um disco de inéditas sempre foi um desejo nosso, que só conseguimos realizar agora por força dessa data redonda.”

O novo trabalho é MPB4 50 anos – O Sonho, a Vida, a Roda Viva!, lançado pelo Selo Sesc e com o qual o grupo se apresenta desta sexta-feira, 13, a domingo, 15, no Sesc Vila Mariana. Depois, eles fazem show no Rio – lá, no segundo semestre, planejam registrá-lo em DVD. O MPB4 é tema ainda do projeto Três Tons de MPB4, que acaba de ser lançado. A curadoria dos títulos – os discos 10 Anos Depois (1975), Canto dos Homens (1976) e Vira Virou (1980) – foi feita pelo jornalista Thiago Marques Luiz, que também assina os textos (leia mais abaixo). Além de Aquiles, o grupo atualmente é formado por Miltinho, outro da formação original, Dalmo Medeiros, substituindo Ruy Faria (que deixou o grupo em 2004), e Paulo Malaguti Pauleira, que entrou no lugar de Magro Waghabi, morto em 2012 vítima de câncer, aos 68 anos.

  Foto: FABIO MOTTA | ESTADÃO CONTEUDO

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O repertório do show dá atenção especial ao disco de inéditas, mas segue, claro, uma linha retrospectiva, contemplando os clássicos na voz do quarteto. A abertura da apresentação será com Roda Viva, canção que o MPB4 cantou com Chico Buarque no histórico Festival de Música Brasileira de 1967. Dalmo conta que eles reproduzirão no palco aquele momento, com os quatro cantando em torno de um microfone, tal e qual ocorreu no festival da Record, “como se fosse a representação daquela imagem que as pessoas têm do início do MPB4”, diz ele. Há ainda Oração ao Tempo, Almanaque, Cicatrizes, Cálice, Partido Alto, entre outros muitos sucessos deles. O show desta sexta-feira, 13, terá a participação de Kleiton & Kledir. “A música Vira Virou (de autoria de Kleiton) é um marco na carreira do grupo. Ali, o MPB4 mudou aquela característica de grupo fundamentalmente político para ser um grupo mais musical também. É um divisor de águas”, afirma Dalmo.

Assim como o novo disco, o show é um tributo a Magro. Dalmo lembra dos últimos momentos do amigo. Das dores que sentia que, muitas vezes, o impediam de subir ao palco. Mas também da força que o movia a acompanhar o grupo nos shows, nas viagens. E, segundo eles contam, foi atendendo a um pedido de Magro que o MPB4 seguiu carreira mesmo após sua partida. “Eu e o Miltinho não sabíamos o que íamos fazer. A gente tinha a possibilidade de não seguir. É muito difícil manter um grupo que acabou de perder o diretor musical, a marca do MPB4 são os arranjos do Magro. Ele também, como a gente, tinha esse sonho de gravar um disco de inéditas e ele não conseguiu ver isso. Por isso, a gente dedica esse trabalho a ele.”

A escolha das canções de O Sonho, a Vida, a Roda Viva! merece um capítulo à parte. Quando o grupo decidiu investir no projeto de inéditas, passou a entrar em contato com os amigos compositores. E o chamado deles foi atendido. Enviaram músicas a eles nomes como Carlos Rennó, Roberto Menescal, Ivan Lins, João Donato, João Bosco, Toquinho, entre tantos outros, somando cerca de 200 composições.

O processo de seleção foi árduo. “O MPB4 tem uma preocupação grande com o que vai dizer. Desde o começo, aquelas que não falavam aos nossos corações e às nossas mentes, já rejeitávamos”, explica Dalmo. “O que nos norteou foi qualidade de letra, beleza harmônica e brasilidade.” Fecharam em 13 canções, como Brasileia, de Guinga e Thiago Amud, Ateu É Tu, de Rafael Altério e Celso Viáfora, Filigrana, de Vitor Ramil, e Milagres, de Breno Ruiz e Paulo César Pinheiro. Os compositores do grupo, Miltinho, Malaguti e Dalmo, também entraram no álbum com suas composições. Muitas das canções já nasceram com a vocação de integrar o universo do MPB4, enquanto outras se adequaram a ele.

Paralelamente aos novos disco e show, o grupo se apresenta ao lado de Toquinho e Ivan Lins, com o espetáculo 50 Anos de Música, que tem garantido casas cheias. “Estamos superempolgados com esse momento que estamos vivendo agora, depois de alguns anos de uma grande dificuldade pela perda do Magro”, diz Aquiles. “Estamos nos sentindo vivos e isso dá um entusiasmo muito grande.”

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