Morre a musa inspiradora de "Amélia"

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Por Agencia Estado
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Aos 91 anos, morreu hoje Amélia dos Santos Ferreira, que, até o fim da vida, acreditava ser a musa inspiradora da canção Ai, que saudade da Amélia, composição de Ataulfo Alves e Mário Lago que transformou seu nome em sinônimo da submissão da mulher em relação ao homem. Vítima de pneumonia, ela morreu em sua casa, em Realengo, zona norte do Rio. Conforme conta Mário Lago, a confusão se deu porque Amélia Santos Ferreira trabalhava como empregada doméstica na casa da cantora Aracy de Almeida, cujo irmão, conhecido como Almeidinha, era amigo dos compositores. ?Um dia, sentados no antigo Café Nice, o Almeidinha começou a cantarolar a história de uma mulher que era solidária ao seu homem, que passava fome ao seu lado e achava bonito não ter o que comer. Eu e o Ataulfo pensamos: isso dá um bom samba?, lembra Lago, aos 89 anos. A canção foi feita a partir de três quadras apresentadas por Lago a Ataulfo Alves para serem musicadas e acabou se tornando o maior sucesso do carnaval de 1942, na voz do próprio Ataulfo. A gravação original contou com o acompanhamento do grupo Academia do Samba e a abertura de Jacó do Bandolim. Vinte anos mais tarde, diz Mário Lago, Amélia se apresentou a repórteres como a verdadeira ?mulher de verdade?. ?Depois, para mim, ela negou que tenha dito que era a nossa Amélia. Mas aí nenhum jornal deu o desmentido?. Para o compositor, que soube da morte da pretensa musa nesta tarde, através de jornalistas, ?todos nós somos Amélia ou Amélio?. ?Quando se está apaixonado, sendo homem ou mulher, se aceita tudo, não se faz exigência. As situações mais difíceis se tormam fáceis. Por isso, a Amélia diz: ?Meu filho, o que se há de fazer??. O fato de o nome da saudosa mulher da canção e da empregada de Almeidinha ser o mesmo não passa de mera coincidência, segundo Lago. ?Poderia ter sido Genoveva. Mas aí poderia não dar uma boa música.?

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