Linkin Park provoca catarse na Arenha Anhembi, em SP

Banda conseguiu uma unidade de comportamento entre a área vip e a 'normal'

PUBLICIDADE

Por Julio Maria - O Estado de S. Paulo
Atualização:

SÃO PAULO - A aparição do Linkin Park no palco do Anhembi é um bom tema para sociólogos que escrevem artigos em jornais. Afinal, a banda de hard-rap-metal-melódico-eletrônico-mas-com-pegada-orgânica fez algo que nem a micareta do Green Day conseguiu fazer no mesmo local, no ano passado. Assim que o DJ e programador de um instrumento que parece o brinquedo Genius, Joe Hahn, tomou seu posto e o telão o mostrou desfigurado, como um homem de papel, o que se viu na plateia foi a queda do apartheid.

PUBLICIDADE

A energia que veio do palco, nos graves do baixo e no bumbo da bateria, se chocou com uma força que surgiu do público de 27 mil pessoas no mesmo instante. Uma catarse que só não derrubou a cerca que separa os ‘ricos’ da área vip dos ‘pobres’ da geral porque os seguranças fizeram força. Eis a glória na aparição do Linkin Park: poucos shows, poucos mesmo, conseguem uma unidade de comportamento entre as duas áreas. No caso do Linkin, a boa selvageria acontece o tempo todo, não importa onde seus fãs estejam.

O Charlie Brown Jr. havia passado há pouco por ali. Um som de alto calibre conduzido por Chorão, o líder que sabe manipular a massa como se regesse uma orquestra, não parecia estar ali para fazer papel coadjuvante. Sua performance teve peso e relevância, quase que prestes a inverter os papéis.

Algo que talvez seria possível não fosse o poder de um grupo que envelhece sem deixar de se comunicar com os adolescentes. É muita esperteza do Linkin Park soar sempre colegial, mas é mérito conseguir isso indo ao rap robusto do segundo vocalista Mike Shinoda e ao metal do primeiro, Chester Bennington. Dois homens erguidos por uma massa de graves que batem no peito e fazem o corpo tremer, criteriosos na divisão de vozes em uma mesma música que nunca pode ser chamada de backing vocal. E de naturezas opostas em seus extremos – o primeiro, divertido e melodioso; o segundo, tenso e rasgado.

O leque aberto do Linkin Park faz seu show voar em quase duas horas alternando sensações de ira (Victimized), euforia pop (Breaking the Habit) e fofura (Waiting for the End). E a melhor notícia é que seu maior público tem entre 14 e 16 anos. O mundo não está acabando.

 

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.