Laila Garin lança seu 1º disco e faz show em São Paulo

No álbum 'Laila Garin e A Roda', a artista é acompanhada pelo trio A Roda e canta músicas conhecidas, de Roberto Carlos a Caetano, e também inéditas; repertório serve de base para apresentação que ela e músicos fazem no Sesc Pinheiros

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Por Adriana Del Ré
Atualização:

Atriz elogiada e dona de uma bela voz – habilidades essas já vistas em plena cumplicidade em espetáculos como Elis, A Musical e Gonzagão, A Lenda –, Laila Garin se notabilizou nos palcos e na telinha, mas queria se dedicar ao primeiro disco da carreira dentro do seu tempo. Ela lembra que, assim que o musical sobre Elis Regina chegou ao fim, recebeu propostas de empresários que se ofereceram para cuidar de sua carreira de cantora. “Uma coisa meio megalomaníaca”, lembra-se Laila, em entrevista ao Estado. Ela desejava um começo mais despretensioso. Daí surgiu a oportunidade dos shows no histórico Beco das Garrafas, no Rio. “Apesar de ser um lugar muito significativo para a música brasileira, o Beco é pequeno e informal, o palco é colado com o público. Aquilo me deu uma calma, uma experiência.” 

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Foram dois anos de apresentações ao lado de Ricco Viana (guitarra e violão), Marcelo Müller (baixo) e Rick De La Torre (bateria). E, com eles, formou a banda Laila Garin e A Roda. “É como Chico Science e Nação Zumbi ou Pedro Luís e A Parede. A gente quer ser despretensioso, mas a gente sonha alto ao mesmo tempo (risos)”, graceja a cantora. “A gente queria esse nome para ficar claro que não era um projeto só de uma cantora, porque a gente faz tudo junto.” E foi assim, sem atropelos, que o quarteto lança agora Laila Garin e A Roda, o disco de estreia de Laila como cantora – e que dará origem a um novo show, com direção musical de Ney Matogrosso, que será realizado nesta quarta, 16, no Rio, e na sexta, 18, em São Paulo, no Sesc Pinheiros.

Uma parte do repertório do álbum veio daquelas apresentações em que Laila dividia o palco com o trio de músicos. O show se chamou apropriadamente de Rabisco. “Porque a gente mudava o roteiro, colocava algumas músicas, tirava outras, mexia nos arranjos, via como o público ia responder.” No disco, entraram versões de As Curvas da Estrada de Santos (Roberto Carlos e Erasmo Carlos) e Baioque (Chico Buarque), com novos arranjos e a interpretação de Laila, ora vigorosa, ora delicada, que dão frescor a essas canções já bem conhecidas. Há ainda a tocante Não Me Arrependo, de Caetano Veloso, e Na Primeira Manhã, de Alceu Valença. E as inéditas Sonhos Pintados de Azul, de Dani Black, e Não Me Deixe, de Juliano Holanda. Com L’Accordéoniste (Michel Emer), Laila faz sua conexão com Édith Piaf e com a parte francesa de sua família – a artista é filha de pai francês e mãe baiana.

Sensibilidade: ainterpretação de Laila, ora vigorosa, ora delicada, dá frescor a canções já bem conhecidas. Foto: Alex Silva/Estadão 

“(As músicas têm) a cara da gente, mas isso aconteceu. Eu não ficava pensando: tenho que fazer diferente. Porque, às vezes, você vai buscar tanto essa coisa diferente que paralisa um pouco e acaba até tirando a emoção”, diz ela. “São só três instrumentos, o que já dá uma diferença na identidade dos arranjos originais dessas músicas, e tem algumas inéditas.”

Laila Garin e A Roda, o disco, tem produção musical assinada por A Roda, mas traz Nelson Motta e Rodrigo Campello como produtores convidados. “Desde que Nelsinho conheceu meu trabalho, foi superentusiasta, me convidou para fazer teste para o musical sobre Elis, e sempre me disse: quero estar em seu primeiro disco. Como esse disco é bem autoral – não no sentido das composições, porque não somos compositores, mas no sentido de os arranjos serem feitos coletivamente –, a gente fez questão de fazer a produção musical. Mas temos os produtores convidados. Nelsinho produziu Baioque e As Curvas da Estrada de Santos, deu opiniões gerais sobre todos os arranjos.” 

E como foi para eles chegar a essa seleção de oito faixas a partir do repertório do show Rabisco, naturalmente mais amplo? “Eram as músicas e os arranjos que mais representavam esse som que a gente quer. Não Me Deixe, Não (Ne Me Quitte Pas), versão de Adriana Falcão, não está no disco ainda, mas vai ser lançada como um single depois. Tem o Baioque, o arranjo ficou muito nosso; Na Primeira Manhã, de Alceu, parece uma música de trilha de filme, é quase uma atmosfera; a música de Juliano Holanda, eu já tinha cantado no seriado da Globo Amorteamo e a gente refez o arranjo. Acho que o critério foi: essas canções representam a gente.”

Ney Matogrosso. O repertório do show Rabisco deu origem ao disco Laila Garin e A Roda, que, agora, serve de base para uma nova turnê. E, para seguir mais essa etapa, a banda Laila Garin e A Roda contou com o olhar experiente de Ney Matogrosso na direção musical. Laila conta que Ney foi assistir ao show deles no Beco das Garrafas. “Ele dava retorno para a gente do que achava”, diz Laila. Depois, quando surgiu a oportunidade gravar um DVD sob a chancela do Canal Brasil, Ney foi chamado para fazer a direção. 

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Laila Garin e A Roda: a cantora comtrio A Roda, formado por Ricco Viana (guitarra e violão), Marcelo Müller (baixo) e Rick De La Torre (bateria) 

Agora, Ney retoma a parceria. “Ney dirige a gente, mas a primeira coisa que ele fala é: o que vocês querem, como é que vocês se veem vestidos?”, diz ela. “A primeira coisa que você aprende com o Ney é essa autenticidade, essa liberdade de expressar seu desejo.” Nessa turnê, o show vem em duas partes: uma que trata de amor, de relação amorosa; e outra, do ser humano. 

O set list inclui ainda homenagem a Elis, figura querida para Laila – e que ajudou a projetar a carreira da atriz depois que ela interpretou a ‘Pimentinha’ no musical. Aliás, em algum momento, Laila sentiu receio de ficar marcada pelo papel de Elis? “Talvez bem no início. Na verdade, Elis me abriu muitas portas, é uma espécie de madrinha. Depois, fiz duas novelas, a série Sob Pressão, o espetáculo Gota d’Água (A Seco). Eu me sinto bem descolada, até para poder fazer um momento do meu show que é um pouco dedicado a ela e a Milton”, explica. “Tem sempre aquele momento que você nega um pouco, para poder se afirmar, mas, depois, quando você vê, volta a dialogar com isso com uma paz e só colhendo a parte boa disso.”

Laila não sabe se há planos de se retomar Elis, A Musical, que fez grande sucesso. Atualmente, ela se dedica às gravações da segunda temporada da série 3%, da Netflix – e sobre essa personagem a atriz diz que não está autorizada a dar nenhum detalhe. Nada de spoilers. Em breve, também começará a ensaiar o musical inspirado no filme 2 Filhos de Francisco, de Breno Silveira, em que viverá o papel de Helena, a mãe de Zezé Di Camargo e Luciano. O espetáculo tem previsão de estrear em setembro, em São Paulo.

LAILA GARIN E A RODA  Sesc Pinheiros. Rua Paes Leme, 195, tel. 3095-9400. Show de lançamento: 6ª (18/8), às 21 h. R$ 40 e R$ 12

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