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Kalouv mistura gêneros e referências em novo álbum ‘Elã’

Terceiro disco do quinteto pernambucano de rock instrumental marca mudança na sonoridade da banda

Por Bruno Vieira
Atualização:
'Elã' é o terceiro disco da banda pernambucana Foto: Maria Medeiros

O processo de produção de “Elã”, lançado nesta quarta-feira (18) pelo selo paulista Sinewave, está diretamente relacionado às mudanças no som da Kalouv. Durante quatro meses, os integrantes da banda conviveram quase diariamente no Sítio Santa Fé (Carpina - PE).  Lá, durante as jams e sessões de pré-produção que deram origem ao álbum, perceberam que compartilhavam muito mais referências do que apenas o pós-rock que costurou os dois primeiros discos da banda. Assim, eles construíram um universo compartilhado, no qual os elementos eletrônicos, o jazz contemporâneo de grupos como BADBADNOTGOOD e até mesmo músicas de videogames acabaram encontrando seu espaço.  Mesmo com tantas misturas, a ideia da banda era seguir o ditado “menos é mais”, prezando por músicas menos “desafiadoras”, mais curtas e que não tivessem tantas partes distintas entre si. “Queríamos valorizar a comunicação com o ouvinte, trazendo assim músicas mais diretas e que apresentassem um conceito logo de cara”, explica Túlio Albuquerque, guitarrista da Kalouv. Essa variedade musical, segundo ele, é característica do cenário nacional. “Cada vez menos as bandas instrumentais estão sendo resumidas a um rótulo, a uma ‘prateleira’”, diz. “Apesar de ser um nicho dentro da música independente, a sensação é que o público não vê mais isso como uma barreira.” Para Albuquerque, a primeira banda de rock instrumental que conseguiu provar que era possível romper os limites e circular no Brasil foi a Macaco Bong com o álbum “Artista Igual a Pedreiro”. “De lá para cá a coisa só tem melhorado, hoje é muito mais fácil criar público com uma banda instrumental no Brasil do que há 15 anos”, afirma.  Mesmo que existam mais espaços e abertura para as bandas instrumentais, a construção e consolidação de público ainda são necessárias. Por isso Albuquerque ressalta a importância das bandas valorizarem seus círculos e se comunicarem diretamente com quem acompanha seu trabalho. “Isso deixa a comunicação mais fluida e ajuda num ponto que as bandas instrumentais não podem mudar, que é a ausência de letra”, diz. O discurso não é da boca para fora. Esse trabalho de proximidade e coletividade pautou a produção de “Elã”: o álbum foi financiado via crowdfunding por 289 fãs da banda, ultrapassando a meta inicial de 19 mil reais. Albuquerque destaca que, mais do que a questão financeira, o que fica desse processo é a unidade entre a banda e quem ouve a Kalouv.  A banda toca dia 21/10 no Festival Coquetel Molotov e depois entrará em tour pelo Nordeste. A expectativa para os shows é a de sempre: conseguir fazer uma conexão entre a banda e o público sem precisar de palavra alguma. “Ficamos muito felizes quando falam com a gente depois de um show ou nas redes sociais sobre uma sensação que a música causou”, comenta. “São reações muito diversas e acredito que a beleza está nisso aí”.

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