PUBLICIDADE

Jorginho Guinle relança "Jazz Panorama"

O playboy de 87 anos gastou boa parte da fortuna que herdou em andanças pelo mundo atrás de gente como Billie Hollyday, Duke Ellington e Stan Getz. Ele conta suas histórias junto à matriz do jazz em Jazz Panorama, agora reeditado

Por Agencia Estado
Atualização:

Já pensou um amante do jazz que conheceu Duke Ellington, Charlie Parker, Dizzie Gillespie, Oscar Peterson e sentou-se num bar com Billie Hollyday, Stan Getz ou Louis Armstrong? Que os viu e ouviu tocar no auge de seu talento ou quando ainda eram novidade? Se você morre de inveja, saiba que esse personagem é o playboy brasileiro Jorginho Guinle, que relança amanhã, com show de Juarez Araújo, no Copacabana Palace, Jazz Panorama, livro dos anos 50, que se tornou peça de colecionador. "Nem em sebos se encontrava mais", comenta a editora Maria Amélia Mello, da José Olympio. "Não atualizamos o texto. Só acrescentamos uma entrevista do Luiz Orlando Carneiro, em que Jorginho conta um pouco de sua vida e dá opinião sobre os últimos 40 anos." Ao lado de A Pequena História do Jazz, de Sérgio Porto (ou Stanislaw Ponte Preta), Jazz Panorama é a referência brasileira para quem quer aprender sobre o assunto com quem entende do riscado. Jorginho, além do mais, tem uma biografia de personagem de best seller. Descendente de aristocratas e milionários, gastou a herança convivendo com as grande estrelas do cinema e da música e, aos 87 anos, não se arrepende dos milhões que mudaram de dono. Mas sempre gostou de música, levou a sério o assunto e considera a crítica de jazz sua profissão. "Mais que isso, é meu grande prazer. Ouço um pouco de tudo porque minha preferência é o melhor de cada período", explica ele. O livro foi escrito duas vezes. A primeira em 1953, quando não havia nenhuma publicação em português sobre jazz, e a segunda em 1959, porque o gênero havia evoluído tanto que Guinle achou que era preciso contar o resto da história. Além de listar os principais gêneros e músicos, selecionou uma discografia básica que, na edição atual, foi revista incluindo o que existe em CD. Mas a lista pára nos anos 60. "Depois disso houve poucas mudanças, apareceram bons músicos, mas nenhum gênio como nas décadas anteriores. É natural. Nos últimos séculos, também não apareceram novos Mozarts ou Beethovens." Infância - Jorginho começou a gostar de jazz aos 12 anos, em 1928, quando ouviu um disco de Duke Ellington, mas já convivia com músicos desde a infância. Afinal, seu tio, Arnaldo Guinle, que construiu o Copacabana Palace, foi o mecenas de Pixinguinha (aliás, o hotel foi palco privilegiado da música até ser vendido para os ingleses do Orient Express). Seu pai, Carlos Guinle, financiara os estudos de Heitor Villa-Lobos na Europa. Ligar-se ao jazz foi um ato de revolta. "Meu pai detestava, dizia que era bagunça, não música. Eu só não fui um mecenas como eles por não ter sido rico o suficiente." Se não bancou músicos, comprou-lhes todos os discos até 1922, quando foi para os EUA procurar os endereços privilegiados em New Orleans, Nova York ou onde mais lhe indicavam. No prefácio da primeira edição, Vinícius de Moraes, outro devoto de jazz, conta que os dois perambulavam pelas duas cidades atrás de boa música. Quando vinham ao Rio, esses músicos ficavam no hotel da família e viravam noites em jam sessions na casa de Guinle.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.