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Ivo Meirelles lança "Samba Soul" sem Funk´n´Lata

Por Agencia Estado
Atualização:

O ponto de partida é o ano de 1992. Foi o momento em que o carioca Ivo Meirelles interrompeu a carreira-solo para focar sua composição no trabalho com o grupo Funk´n´Lata. Mas será que sua música, naquele tempo, já era o samba-rock, que hoje está na moda? "Voltei dando continuidade àquela mesma circunstância. Agora... se ela é samba-rock, isso é uma coincidência", diz ele. O seu novo CD Samba Soul (sem o Funk´n´Lata), que chega ao mercado pelo selo Regata Música, tem o sabor do momento, no caso, o de samba-rock. As composições são inéditas, porém, a maioria delas tem cerca de dez anos. "Uma demo com as músicas Só os Fracos Sobrevivem e Menina Beija-Flor (ambas de sua autoria), de 1991, mostrava que esse é o meu estilo", complementa. "E o visual também é o mesmo do início dos anos 90. A minha mudança ocorreu em 1995, quando comecei o trabalho com o Funk´n´Lata, tingindo o cabelo. A mudança não será agora. Tudo isso, visual e música, sou eu." Ivo Meirelles, entretanto, não julga sua música como samba-rock. "Sou um compositor que faz samba, mas pop. E que, desde o começo da carreira, utilizou influências do funk de James Brown. Não sou artista do samba-rock, de pagode, de samba-funk nem de samba-enredo", comenta. Em Samba Soul, há influências claras da Vitória Régia (Tim Maia), Banda Black Rio e de seu ídolo, Jorge Ben. "Se você for fazer uma análise das letras, verá que esse estilo (samba-rock), menos preocupado com a mensagem, difere muito do meu. Gosto de exteriorizar o que penso, o samba, refletir a minha origem da periferia e do meu trabalho de responsabilidade social. Mas também acho que não devemos culpar ninguém, ser agressivos", argumenta ele. "Aquelas letras, a maioria de 1992, ainda refletem o atual momento, como Entricheirados num Barraco fala da crueldade de quem não tem o que comer." Por esses motivos, ele acredita que as músicas não envelheceram. Além do samba pop, que assustou a comunidade do Morro da Mangueira em meados dos anos 90, outras questões, algumas polêmicas, são recorrentes na carreira do músico (também vice-presidente da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira). Uma delas é a fusão, hoje com pouca evidência, de samba com funk carioca, que é feita pelo Funk´n´Lata. "Acho que o grupo sempre foi mal avaliado. Fora do País, o trabalho dos garotos, que agora seguem seu caminho sozinhos, é muito valorizado. E sobre o funk carioca, ainda bem que ele voltou para o gueto. Pois, apesar do que foi mostrado na mídia, ele é uma expressão legítima", afirma. Ivo ainda produz o grupo, mas não é mais o líder.

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