SÃO PAULO - Nenhum outro lugar da galáxia tinha mais energia e impulsividade do que a capital paulista na noite desta terça-feira, 27. Ao som das guitarras frenéticas e mordazes de Dave Grohl e Josh Homme, os líderes do Foo Fighters e do Queens of the Stone Age, São Paulo viu de perto uma performance de alto nível de duas das mais importantes bandas de rock dos anos 1990 e 2000. Com apresentações enérgicas e cheias de gás, quem foi ao Allianz Parque presenciou um espetáculo memorável.
Em sua quarta passagem pelo País, o Foo Fighters deu uma verdadeira aula de rock and roll. A exemplo das outras performances no Brasil, o carisma de Grohl roubou a cena. Logo no início do show, uma sequência arrebatadora para ninguém botar defeito: Run, All My Life e Learn to Fly, canções de diferentes fases do grupo. Uma trinca, digamos, impactante e difícil de ser quebrada.
Já na terceira música, a guitarra azul de David Grohl comandava uma verdadeira legião de fãs ávidos por um rock puro e intenso. Os diálogos engraçadinhos somados a um setlist equilibrado transformaram a apresentação do Foo Fighters em algo imbatível dentro do show bis. "Que fique claro, isso aqui é um show de rock. E vocês gostam de rock, certo?", disse Grohl.
Na sequência vieram The Pretender, Rope e The Sky Is a Neighborhood. A última, inclusive, do disco mais recente, Concrete and Gold, lançado no ano passado.
Apesar de não repetirem a mesma catarse dos clássicos, as canções foram bem aceitas pelo público."É a primeira vez que isso acontece num show do Foo Fighters. Isso é muito f***!", disse Grohl ao se emocionar com as luzes dos celulares que iluminavam o estádio em The Sky Is a Neighborhood. Daí para frente foi só porrada. 'My Hero', 'These Days' e 'Breakout'.
Como de costume, o baterista Taylor Hawkins assumiu os vocais. Isso aconteceu em 'Under Pressure', do Queen. Grohl também lembrou a época de Nirvana na bateria. Houve ainda mais tempo para a sessão Café Piu Piu com 'Another One Bits the Dust' (Queen), 'Love of My Life' (Queen) e 'Blitzkrieg Bop' (Ramones) enquanto Grohl apresentava os outros integrantes da banda.
Neste ponto, entretanto, faltou ao Foo Fighters um pouco de inovação. Em janeiro de 2015, a banda já havia feito versões de Kiss, Black Sabbath, Rush e Rod Stewart. Apesar da alteração no repertório, Grohl e sua trupe tinham mais cartas na manga para manter o espetáculo em alta.
Críticas pontuais à parte, os clássicos 'Monkey Wrench', 'Times Like These', 'Best of You' e 'Everlong' deram números finais à apresentação. Duas músicas que não foram tocadas no Rio entraram no set em São Paulo: 'Big Me' e 'Generator'.
O show do Foo Fighters é do tipo que continua valendo cada centavo pago pelo ingresso. Não há ali um único sinal de arrependimento ou frustração. Grohl é um showman e sabe conduzir o espetáculo com maestria. Defensor do rock, levanta a bandeira do gênero e em nenhum momento deixa a peteca cair. Em tempos de tantas baixas, como a de Malcolm Young (AC/DC) e Lemmy (Motörhead), Grohl mantém firme o legado do rock até o último segundo.
Queens infernal. Mais cedo o Queens of the Stone Age também não decepcionou. Em 1 hora e meia de show, emendou hit atrás de hit. Josh Homme estava com a guitarra pesada. Do disco mais recente, Villains, foram quatro músicas: Domesticated Animada, Feet Don’t Fail Me, The Evil Has Landed e The Way You Used to Do.
Os clássicos, entretanto, foram os responsáveis por preparar o terreno para o Foo Fighters. Little Sister e Go With The Flow deram mais vida ao show.
My God Is The Sun e I Sat By The Ocean, canções do elogiado ...Like Clockwork (2014), também funcionaram.
A exemplo do show no Maracanã no último domingo, 25, a tão esperada participação de David Grohl na bateria em No One Knows não aconteceu. Parceiros de longa data, Josh e Grohl perderam a chance de tornar a apresentação no Brasil ainda mais histórica.
Foo Fighters e Queens of the Stone Age voltam a se apresentar em São Paulo nesta quarta-feira, 28, noAllianz Parque.