'Ele estava bem, mas bastante magro', disse o amigo de décadas, Dogival Duarte

O jornalista, escritor e dono de uma rádio na cidade se encontrou com o cantor há cerca de um mês

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Por Redação
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Porto Alegre: "Ele estava bem, mas bastante magro." Foi essa a impressão que Belchior deixou ao amigo de décadas Dogival Duarte, há cerca de um mês, quando os dois se viram pela última vez. Jornalista, escritor e dono de uma rádio na cidade, Duarte era um dos mais próximos do compositor, morto neste domingo, aos 70 anos. "Ele respondeu que estava magro porque fazia exercícios, mas estava alegre, faceiro."

Segundo Duarte, há mais de um ano e meio Belchior vivia na cidade. A casa em que morava com a companheira, Edna Prometheu, foi conseguida por intermédio dele.

O músico Belchior no programa Ponto de Encontro da TVCultura, no final dos anos 1970. Foto: TV Cultura

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O escritor revela que Belchior vivia com ajuda dos amigos. "Ele não precisava de muito dinheiro e também não fazia questão de ter. Os amigos que sustentavam ele por onde ele estava, era hospedado como visita. Passou um ano na minha casa tendo tudo." Para Duarte, o auto isolamento de Belchior foi proposital, mas uma fase que acabou se prolongando. "Ele queria passar um tempo isolado. Estava cansado. Só que esse tempo foi demais. Ele parecia um monge, queria ler, se reciclar. Mas acabou passando tempo demais nesse intervalo."

Duarte conta que, na noite desse sábado, Belchior se queixou. "Ele se sentiu mal ontem. Agasalharam bem ele, ele deitou e faleceu." Segundo o amigo, o compositor foi encontrado já sem vida.

Conforme o amigo, Belchior era um homem muito culto. "Ele ficava por horas na minha biblioteca lendo poetas latinos. Gostava muito do gaúcho Simões Lopes Neto. Falava de política e literatura. Chegou a corrigir um livro de poesia que estou terminando." Duarte revela que Belchior cantava pouco. "Ele tocou algumas vezes, em casa, com meu filho, mas cantava muito pouco. Ele mais me dava conselhos. Era um verdadeiro gentleman."

Conforme o escritor, a atual companheira do músico tinha grande papel em seu isolamento. Belchior era muito pouco visto pela cidade. Ficava mais em casa, com amigos ou saia de carro. "Ela não deixava ninguém fazer uma foto com ele. Ela não queria que ninguém soubesse onde eles estavam. Ela isolava ele totalmente."

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