Ecos da história em cena hoje

Músicos como Ná Ozzetti e Luiz Tatit, retratados no longa 'Lira Paulistana e a Vanguarda Paulista', se apresentam em São Paulo

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Por Lauro Lisboa Garcia
Atualização:

Apesar de ter um certo ar nostálgico, o filme Lira Paulistana e a Vanguarda Paulista, de Riba de Castro, não é saudosista, como observa a cantora Suzana Salles. Não foi um movimento, mas também não se limitou a ser um teatro, um ponto de encontro. Virou entidade abstrata, um estilo, um ícone de resistência cultural, lutando contra a ditadura comercial das grandes gravadoras e também contra a política e a censura. Além do mais, a história do Lira como aglutinador de ideias inovadoras até no jornalismo teve significativa continuidade. Seja na atuação constante de artistas que tiveram aquele teatro como berço ou nas influências que se revelam em boa parte da produção contemporânea. 

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O paraense Felipe Cordeiro, os mineiros Kristoff Silva e Porcas Borboletas estão entre os que trazem referências de Itamar Assumpção (1949-2003) e Luiz Tatit. Antes deles, grandes ídolos como Ney Matogrosso, Zélia Duncan e Cássia Eller (1962-2001) fizeram conexões importantes com a turma do Lira.

Herdeiros daquela geração, Tulipa Ruiz (filha de Luiz Chagas, da Banda Isca de Polícia) e Anelis Assumpção (filha de Itamar) despontam como novos artistas referenciais de São Paulo. Jonas Tatit (filho de Luiz Tatit) toca com o pai e Ná Ozzetti nos shows de vozes e violões que marcam novo reencontro desses parceiros do Grupo Rumo com Dante Ozzetti, de sexta a domingo, no Sesc Pompeia. “É um reencontro com o que já produzimos juntos, mas principalmente a possibilidade de novas parcerias”, diz Dante.

Se hoje dizem que o Sesc faz o papel de Secretaria de Cultura, isso cabia ao Lira na época, como observa Nelson Ayres no filme. Para Tatit, o Lira “antecedeu e era Sesc que, finalmente, deu respaldo profissional aos artistas fora da grande mídia”. “Se posso falar pelos membros do grupo Rumo, creio que o Lira nos possibilitou uma discreta existência artística numa época em que só se falava em crise econômica e as experiências estéticas não mais cabiam nos projetos estritos das gravadoras. Trinta anos depois, essa história apenas começa a ser contada em diversos trabalhos acadêmicos, jornalísticos e, especialmente, no documentário dirigido por Riba de Castro, artista genuinamente lira-paulistano.”

Outros nomes ligados a esse ‘paulistalirismo’ estarão nos palcos da cidade, como a Casa de Francisca - Arrigo Barnabé (dia 12/6), Wandi Doratiotto com Danilo Moraes (dia 15/6), Cida Moreira (dia 23/6) - e o Sesc Anchieta, onde Bocato toca com a Big Band Soul na quinta, 31. Ná canta com Du Gomide no dia 16/6, no CCBB, dentro do projeto Êta Nóis - Quando a Viola Bota as Coisas no Lugar, com curadoria de Lucina. A história continua... 

LUIZ TATIT, NÁ OZZETTI, DANTE OZZETTI E JONAS TATIT

Teatro do Sesc Pompeia. Rua Clélia, 93, 3871-7700. Sex. e sáb. 21 h, dom., 19 h. R$ 5 a R$ 20

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