Documentário revive o início da carreira do Queen

Filme mostra a ascensão da banda até o hit 'Bohemian Rhapsody'

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Por Pedro Antunes
Atualização:

Algumas lendas nascem prontas. Outras, os anos se encarregam de unir os astros, encaixar as engrenagens e ajudar a construir um grande nome. O Queen não nasceu enorme quanto o nome deliciosamente pretensioso da banda inglesa poderia prever. Mas ficou. E o responsável tem um nome: Bohemian Rhapsody. A 11.ª faixa do quarto disco da carreira da trupe inglesa foi a responsável por jogá-la diretamente para o topo das paradas de sucesso britânicas e lá permaneceu por nove semanas consecutivas, tornando-se um dos singles mais bem-sucedidos da história do Reino Unido. 

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A caminhada de Freddie Mercury (voz), Brian May (guitarra), John Deacon (baixo) e Roger Taylor (bateria), desde a criação do Queen, em 1970, até o estouro com o ópera-rock mais popular de todos os tempos, com seus quase seis minutos de duração, foi árdua. O início dessa construção da banda até se tornar uma das mais grandiosas do mundo, com históricas passagens pelo Brasil, inclusive, é alvo da pesquisa do documentarista e comediante Rhys Thomas, inglês fã do Queen desde a infância. 

Com o documentário Queen: A Night in Bohemia, que será exibido no Brasil em sessões nas redes de cinema UCI e Cinemark nesta terça-feira, 10, é possível perceber a jornada do quarteto, dos primeiros discos, Queen (1973), Queen II (1974) e Sheer Heart Attack (1974), até o amadurecimento e o encontro de elementos da fusão do rock progressivo, a linhas inspiradas da guitarra de May, as vozes cruzadas de May, Taylor e Mercury, além do carisma dos mais embasbacantes do frontman. 

Ao vivo. Cena do show no qual o Queen tocou 'Bohemian Rhapsody' pela primeira vez, em 1975 Foto: Divulgação

Integrantes remanescentes da banda contam para a lente de Thomas como eram obrigados a varar madrugadas no estúdio da gravadora, quando ninguém o estava usando, para conseguir gravar o primeiro álbum. Dele, por exemplo, vieram as ótimas Liar e Keep Yourself Alive. O disco recebeu boas críticas e foi seguido por Queen II, não tão popular, e Sheer Heart Attack, com o qual eles chegaram ao segundo lugar no Reino Unido. Aos poucos, o Queen construía seu séquito. No Japão, já em 1975, o grupo viveu seus dias de beatlemania, quando o quarteto era perseguido nas ruas por fãs quase tão histéricos quanto aqueles que gritavam por John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr. 

Complexidade. Nada os havia preparado para o que Bohemian Rhapsody faria pelo grupo ainda em 1975. A canção, tão cheia de camadas, trechos distintos, vozes sobrepostas e versos angustiantes, foi lançada como single mesmo com sua complexidade, por pressão do Queen, que se recusou a cortar a faixa de quase seis minutos para se tornar mais acessível para as rádios. Não deu outra. Do outro lado do mundo, no Japão, o Queen descobriu que era a banda número um da Inglaterra. 

O buz sobre o quarteto se tornou gigantesco - embora, nos Estados Unidos, a banda nunca tenha conseguido ser tão popular quanto em outros países. A coroação desse primeiro grande momento, já que muitos vieram na sequência, até a morte de Freddie, em 1991, foi a convocação da banda para se apresentar na histórica Hammersmith Odeon, casa de shows de Londres, no especial da BBC exibido ao vivo na noite de Natal, em 24 de dezembro. 

É a performance da banda ali que será exibida no Brasil após o documentário de Thomas sobre o início da banda. E a junção dos dois mostra o impacto da canção na história da banda.  É nesse show em Londres que Freddie executa versos de Bohemian Rhapsody pela primeira vez. Inclui alguns deles ao piano, durante Killer Queen. A banda ainda talvez não fosse capaz de executar toda a magnitude da canção ao vivo, mas o público delirava com a performance de voz e piano. Era o início de uma história e, enfim, o Queen se tornou lenda. 

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ENTREVISTA Rhys Thomas, diretor e comediante- 'Eu sempre fui obcecado pelo Queen'

Diretor e comediante, Rhys Thomas pode se considerar um especialista em Queen. Desde os dias da infância ouvindo os álbuns da banda inglesa graças ao gosto emprestado do pai até a feitura de documentários e DVDs da banda inglesa desde os anos 2000 - são sete, no total. Ele dirige A Night At The Opera, que será exibido nesta terça, 10, em algumas salas brasileiras. 

Como começou a sua ligação afetiva com o Queen? 

Ela cresceu enquanto eu também crescia. Lembro que meu pai amava a banda e ouvia sempre. Quando o Freddie (Mercury) morreu (em 1991), fiquei compulsivo. Foi a primeira estrela do rock que eu gostava e que havia morrido. Isso teve um efeito muito grande em mim. Desde aquela época, eu só queria saber da banda. Sempre fui obcecado. 

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Na década de 1990, era fácil ser fã do Queen quando o mundo pop só queria saber de grunge e britpop? 

Foi uma época difícil (risos). O mundo só estava ligado nessas bandas, como Nirvana, Oasis, Blur. Todos amavam esses caras. E, de repente, não era mais cool amar o Queen. E o que fez você manter o fanatismo sobre a banda tão ‘não cool’?  Acho que o Queen sempre teve uma ideia de se divertir com as canções. Não eram muito sérios. Eu, agora como comediante, faço isso na minha vida. Levo as situações com humor. O Queen também sabia fazer isso. 

O lançamento de ‘Bohemian Rhapsody’ foi definidor para a história da banda? 

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Sem dúvida. É claro, como todas as grandes bandas, há gente que prefere os discos que vieram antes dessa canção. Outros curtem o que saiu depois. Eu gosto de todas as fases do grupo. 

Até essa fase com o vocalista Adam Lambert? 

Sem dúvida! Quero dizer, eles fazem questão de mostrar que Adam não está ocupando o lugar de ninguém. E ele canta como poucos, além de ter um carisma enorme. Foi uma boa jogada.