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De casa nova, Ed Motta lança "Poptical"

Em sua estréia pela Trama, músico faz um caldeirão rítmico de funk, samba-jazz, groove, jazz, balada, com um toque retrô

Por Agencia Estado
Atualização:

De casa nova, a gravadora independente Trama, o cantor e compositor Ed Motta se encontra numa situação confortável. Não que ele não estivesse dessa maneira na Universal Music, a antiga gravadora. Afinal, foi lá que ele conseguiu realizar um de seus maiores sonhos: o de gravar um CD essencialmente instrumental. Sonho que concretizou no ano passado, com o excelente Dwitza, um álbum sem letras mas com um saboroso condimento jazzístico. Com a Universal, o músico tinha contrato para mais dois discos, mas a Trama acabou comprando seu passe e pagando as pendências. Na época da contratação, no fim do ano passado, Ed Motta chegou a declarar que não fazia aquilo por dinheiro e que sempre foi bem tratado pela antiga gravadora. "Mudar é muito bom", afirma hoje. "As negociações ocorreram naturalmente." Seu trabalho de estréia, o CD Poptical, é uma miscelânea rítmica de funk, samba-jazz, groove, jazz, balada e um toque retrô anos 40, 70, 80. Trata-se de uma salada sonora que desemboca num pop sempre refinado. Essa é a cara de Ed Motta, como é sua cara o instrumental Dwitza ou como seria sua cara um trabalho com ritmos latinos. O músico é afeito a experimentações e novidades, gosta de surpreender não só os fãs como a si mesmo. "É a idéia da surpresa que me instiga. Tem vários artistas que são previsíveis, o que não quer dizer que eu não goste de vários deles." Tudo começa com o estilo da capa do CD, meio psicodélico, idealizado pelo próprio Ed Motta. Ele dispensou o recurso de computador e preferiu o efeito de repetição de imagens à moda antiga, com auxílio de espelhos. Depois vem o título do álbum, Poptical, um trocadilho de optical art (arte da ilusão de ótica), uma sugestão de sua mulher, Edna. No conteúdo, o caldeirão sonoro, obtido com a colaboração dos parceiros. O músico conta que já tinha todas as músicas prontas, elas só precisavam de letras. Distribuiu as canções para Nelson Motta, Seu Jorge, Adriana Calcanhotto, Jair Oliveira, Ronaldo Bastos, Zélia Duncan, para citar alguns. Quando as enviou para os letristas, Ed Motta tinha certeza de que cada um deles daria conta do recado. "São autores diferentes, cada um deles tem sua particularidade." Ed Motta alcançou bons resultados, como Gifts and Sorrows (Ed Motta/Blake Amos), que lembra baladas românticas à la Steve Wonder, com o reforço do piano eletrônico RMI, ou The Rose That Came to Bloom (Ed Motta/Jean-Paul "Bluey" Maunick), conduzida só com voz e piano acústico, formato intimista que o músico só havia experimentado no palco, nunca em estúdio. Ou ainda o bem-humorado Tem Espaço na Van, letra de Seu Jorge, um groove ao gosto de Ed Motta. E se no CD anterior, Dwitza, Ed Motta optou por um trabalho mais "barroco", "minimalista" até, nesse Poptical ele usou e abusou de cordas e sintetizadores. "Os sintetizadores antigos são mais usados no rock progressivo. Na soul music, são mais usados como elemento, não de forma total", explica o músico, colecionador inveterado de vinis de todos os gêneros e espécies. A turnê do novo disco tem início no Brasil e deve passar também pelo Europa e Japão.

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