Com músicos do Rage Against the Machine, Public Enemy e Cypress Hill, Prophets of Rage vem ao Brasil

Banda se apresenta no Rio de Janeiro e em São Paulo

PUBLICIDADE

Por Pedro Antunes
Atualização:
Prophets of Rage Foto: Danny Clinch

Tom Morello, guitarrista e ativista político, ligou para cada um deles. Aos poucos, foi montando sua banda. Seu exército. Seus companheiros de música. E de briga. O músico do Rage Against the Machine recebeu repostas positivas daqueles que procurou. Estavam, tal como ele, prontos para uma boa briga. Responderam ao chamado Tim Commerford (baixo) e Brad Wilk (bateria), dois companheiros de Morello no Rage Against the Machine e, depois, do Audioslave. Nos vocais, o guitarrista convocou Chuck D (do seminal grupo de hip-hop Public Enemy) e B-Real (do grupo Cypress Hill). DJ Lord, que desde 1999 atua nas picapes do Public Enemy, completa a escalação. O ano era 2016, a campanha presidencial dos Estados Unidos pegava fogo e o mundo assistia ao confronto entre a democrata Hillary Clinton e o republicano Donald Trump. 

“Tudo o que estava sendo dito durante aqueles tempos de disputa presidencial realmente afetou o Tom”, conta B-Real, em entrevista ao Estado. “Então, ele foi o grande agregador. Ele sentiu que era preciso fazer algo. Queria voltar a fazer músicas como aquelas do Rage Against the Machine. Queria endossar a luta.” Ao receber a ligação de Morello, o rapper ouviu que Chuck B já tinha aceitado o convite. “Aceitei na hora. Sempre fui fã do Public Enemy e do Rage Against the Machine. Parecia que era um presente de aniversário.” 

PUBLICIDADE

Assim nasceu o Prophets of Rage, uma superbanda que não gosta de ser chamada assim – e que vem ao Brasil em maio para três shows, um no Rio e dois em São Paulo (no festival Maximus e na Audio Club). B-Real explica que rótulos não são importantes. O que o sexteto busca é “falar sobre o agora”. “Nos unidos para isso. Para tentar despertar algo nas pessoas durante o momento em que vivemos”, ele explica. “Por tantos anos, as pessoas ficaram cegas. Deixaram coisas loucas acontecerem. E não fizeram nada a respeito disso. Eram vozes caladas.” 

O Prophets of Rage foi criado para atirar diretamente contra Donald Trump e seu discurso, na opinião dos integrantes, não libertário. Foram 37 apresentações que traziam uma música nascida do encontro dos músicos, chamada The Party’s Over, e versões de canções das três bandas e covers de Beastie Boys. Despejaram as pancadas – sonoras e faladas – como puderam. No dia 9 de novembro de 2016, contudo, Trump foi eleito o 45.º presidente dos Estados Unidos. Na madrugada anterior à entrevista de B-Real, o Exército norte-americano havia iniciado um bombardeio na Síria. Era até difícil encontrar por onde começar a conversa com o rapper. “Eu entendo o que quer dizer”, diz. “O que posso dizer a esse respeito é que não se vence todas as batalhas. Isso não quer dizer que não é necessário continuar lutando. São tantas coisas erradas no mundo. E temos que manter a fibra. Devemos continuar lutando. Nós perdemos essa, mas vamos voltar. Ainda mais fortes. Nosso disco está vindo aí. Queremos unir as pessoas.” 

Como o Rage Against the Machine uniu hip-hop e o rock em tempos conturbados 

“O Rage Against the Machine abriu muitas possibilidades sonoras dentro da minha cabeça”, conta B-Real, um dos rappers do trio Cypress Hill que se juntou aos integrantes da banda liderada por Zack de la Rocha para formar o Prophets of Rage – que conta com Tim Commerford (baixo), Tom Morello (guitarra) e Brad Wilk (bateria), do RATM, e Chuck D e DJ Lord, do Public Enemy. 

Rage Against the Machine, em ação em Nova York, em 2007 Foto: Lucas Jackson / Reuters

O Rage Against the Machine nasceu quando a música norte-americana se dividia, no início da década de 1990: de um lado, o grunge tomava forma e corpo, com Nirvana, Pearl Jam, Soundgarden, do outro, o hip-hop vivia sua era de ouro, com nomes como o próprio Public Enemy, De La Soul e A Tribe Called Quest deixando o underground e atingindo rádios e MTV. A banda de Zack de la Rocha uniu as tribos com canções acintosas, contra o sistema vigente. Os discos Rage Against the Machine (1992), Evil Empire (1996), The Battle of Los Angeles (1999) e Renegades (2000) eram pancadas, nos ouvidos e nos cérebros.

Publicidade

A banda deixou de existir em 2000 e, embora tenha feito reuniões posteriores, inclusive vindo ao Brasil em um enlouquecedor show no SWU Festival de 2010, realizado em Itu, no interior de São Paulo. Com o Prophets of Rage, o trio que forma a base do RATM volta ao País para três apresentações. A banda faz dois shows solos, na Audio Club, em São Paulo, dia 9 de maio, e no Rio, no Vivo Rio, dia 12 de maio, e volta para a capital paulista para o Maximus Festival 2017, no dia 13, no Autódromo de Interlagos. 

No set do Prophets, as canções das bandas dos vocalistas, Public Enemy e Cypress Hill, dividem espaço com músicas do Beastie Boys (Don’t Sleep Till Brooklyn foi transformada em No Sleep Til Cleveland) e com os hinos do RATM, como Testify, Take the Power Back, Sleep Now in the Fire, Know Your Enemy e Killing in the Name. “Sempre fomos referências, uns para os outros”, conta B-Real. “E, agora, estamos fazendo um som que é o híbrido. Estamos muito felizes com isso. As pessoas vão gostar também.” 

PROPHETS OF RAGE  Audio Club. Av. Francisco  Matarazzo, 694, Água Branca,  tel.: 3862-8279. 3ª (9/5), às 21h30. R$ 320 a R$ 380  MAXIMUS FESTIVAL 2017  Autódromo de Interlagos. Av. Sen. Teotônio Vilela, 261. Sáb. (13/5), a partir das 12h. R$ 480 a R$ 800 (lounge)