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Com festivais e shows internacionais, São Paulo vira capital da música em março

O mês de março tem shows nacionais e internacionais para todos os gostos – mas é preciso ficar de olho no bolso

Por Pedro Antunes e Pedro Rocha
Atualização:

Talvez seja exagero por parte dela, mas a videomaker Thaís Camir, de 26 anos, garante que três horas antes de abrirem as vendas online de ingressos para os shows que mais deseja, ela já está a postos, de frente para o computador, com o dedo na tecla F5 (um comando que atualiza o site aberto ali), para garantir as entradas.

Liam Gallagher, Chico Buarque, Mano Brown, Elza Soaes, Eddie Vedder e Kate Perry são algumas das atrações de março, em São Paulo Foto: Baptistão

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Dessa forma, ela fez sua maratona musical particular neste mês de março, chamado carinhosamente de “supermarço” para os fãs de música. Em 31 dias, 20 deles terão atrações internacionais nos palcos espalhados pela cidade. E isso, é claro, inclui os três dias de Lollapalooza, festival que chega à sétima edição em São Paulo, realizado entre os dias 23 e 25 de março, no Autódromo de Interlagos, na zona sul da cidade. 

Thaís, por exemplo, não perde uma edição do festival. Desta vez, contudo, sua agenda de março contará com os três dias de show do Lolla, além das apresentações de Katy Perry, no dia 17, no Allianz Parque, e Royal Blood (que toca no festival em Interlagos, mas também faz apresentação solo) no Cine Joia, na noite de 22 – em abril, no dia 22, ela também tem garantido ingresso para o concerto do Radiohead, de novo no Allianz. “Sou uma pessoa que ama muito shows”, admite a videomaker, que faz até lista com as apresentações frequentadas. 

Para essa agenda de shows de março, Thaís precisou desembolsar pelo menos os R$ 650 do Lolla Pass (valor da meia-entrada social para os três dias de festival, conseguido com uma doação de R$ 30 para o projeto Criança Esperança), de R$ 240 a R$ 580 para estar diante da cantora norte-americana e R$ 260 para a apresentação do duo britânico de rock sem guitarra.

“Os preços estavam bem salgados, mas, em geral, eu costumo dividir o valor e pagar um pouco por mês para não afundar as finanças”, ela explica. “Ir a shows é uma descarga de estresse e carga de energia boa. Por mais que o corpo esteja cansado, a mente fica leve”, conclui. 

A alta temporada de shows por aqui se explica, aliás, por questões climáticas que afetam as mercadológicas. Os meses de verão, no Hemisfério Sul, costumam ser atrativos para bandas de grande porte, principalmente, que se apresentam em arenas ou estádios pela Europa e pelos Estados Unidos – não é por acaso que o Lollapalooza ocorre sempre próximo do feriado da Páscoa, no Brasil.

Enquanto os países do Hemisfério Norte sofrem com as baixas temperaturas do inverno e outono, o clima da metade de baixo do planeta se torna uma opção viável para grupos que estão em final de turnê, após frequentarem a temporada de festivais europeus e norte-americanos realizada de maio a setembro. 

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É o caso de artistas como o Gorillaz, projeto de Damon Albarn (vocalista do Blur), uma banda virtual que flerta com o hip-hop e os beats, cuja apresentação está marcada para o dia 30 de março. Eles chegam com o mais recente disco da banda, Humanz, lançado em abril de 2017, e depois de circular por festivais grandes como o Austin City Limits – e criar o seu próprio, o Demon Dayz.

Katy Perry, queridinha dos brasileiros, também faz o mesmo caminho: colocou seu disco Witness nas prateleiras em meados do ano passado, circulou pela metade de cima do globo e, agora, volta ao País. 

Gustavo Marcolino vai aos shows de Lana Del Rey, no Lollapalooza, e Katy Perry Foto: Rfael Arbex/Estadão

Quem aproveita, mas também tem pesadelos com as parcelas dos cartões de crédito, são os fãs brasileiros dos artistas, como Gustavo Marcolino, de 26 anos, e fã da cantora Lana Del Rey, uma das atrações do Lollapalooza. Como a norte-americana só se apresenta no festival, ele se viu a comprar ingresso para o terceiro e último dia de festival.

O rapaz, contudo, ainda é estudante e paga metade do valor do ingresso cheio – no caso do Lolla, o lote atual para a entrada em um dia de festival, a meia-entrada custa R$ 400. Soma-se isso ao ingresso de R$ 580 comprado para ficar na pista premium da apresentação de Katy Perry, sem a possibilidade de usar o benefício da meia-entrada, esgotada rapidamente. “Fácil nunca é, mas a gente dá um jeito”, brinca o rapaz. “Não fiz nenhuma loucura”, conclui. 

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E para manter as contas em ordem e frequentar os shows, há de se fazer a matemática que é possível, mesmo que seja preciso apelar para o cartão de crédito dos pais. Foi a saída encontrada por Davi de Carvalho, de 25 anos, que vem de Aracaju para o festival Lollapalooza – e vai aos três dias de festival, assim como Thaís.

Com um cartão de crédito sem limite para fazer a compra, o rapaz usou o cartão de crédito da mãe para garantir o ingresso e parcelou o valor em três vezes. Vai pagar para ela em seis vezes. “Fiz a parcela da parcela”, diverte-se. “Ver Chance The Rapper, Metronomy e Anderson .Paak, todos juntos, vale o esforço”, garante. 

Por mais tentado que estivesse para assistir a outros shows realizados em São Paulo na mesma época – Eddie Vedder, Depeche Mode e Gorillaz eram particularmente do interesse dele – o jovem recém-contratado preferiu ficar na cidade o mínimo possível, para evitar precisar pedir folgas demais para o novo chefe e economizar na estada.

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Davi, no entando, já é escolado nas viagens para outros Estados para assistir a shows que não passam por Aracaju: esteve nas três últimas edições do Rock in Rio e foi a Salvador para assistir a Devendra Banhart e Paul McCartney, enumera ele. “Carnaval conta?”