Coachella presta homenagem a Prince

Na primeira noite da segunda semana do festival americano, bandeiras púrpuras se estendiam pelo campo de polo; veja como foram as apresentações

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Por Redação
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Não podia ser diferente: a primeira noite da segunda semana do festival Coachella, na sexta-feira, 22, na Califórnia, EUA, foi uma grande homenagem para Prince. Das bandeiras púrpuras que se estendiam pelo campo de polo até as citações constantes nos repertórios dos artistas do line up. As duas lembranças de arrepiar foram os 2manydjs só executando músicas dele no Despacio, pista incrível projetada em todos os seus detalhes (equipamentos, caixas, luz) por eles e por James Murphy, e o LCD Soundsystem tocando veneravelmente Controversy. Essas duas menções, entre tantas, já são inesquecíveis. Até no ônibus de volta para o hotel tocou Prince. 

Ninguém parece aceitar sua morte, e o dia e a noite de Coachella foram diferentes e especiais. Teve também o ótimo show das meninas franco-cubanas do Ibeyi. E teve os divertidos congoleses do Mbongwana Star, um dos melhores discos do ano passado. Mas a noite era mesmo de James Murphy e do seu LCD Soundsystem (e do seu Despacio), como esperado. É claro que, se eles não tivessem parado lá em 2011, naquele show do Madison Square Garden, veríamos um novo show agora, diferente do que vimos mais de uma vez no Brasil e da despedida em Nova York, tão bem registrada no filme Shut Up And Play The Hits

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Eles mesmos não sabem explicar bem por que voltaram para esses shows em Coachella. Primeiro alegaram que o motivo seria uma série de canções novas, mas nenhuma delas esteve presente no repertório desses dois shows. A verdade é que veria esse show mais dez vezes. Esse em especial, levemente diferente, com uma versão excepcional de Losing My Edge, com Bowie (Heroes) e Prince, e Tribulations e uma empolgante Dance Yrself Clean

Essa noite superespecial ainda guardou os extraordinários shows de Sufjan Stevens e do Underworld. O primeiro foi bastante concentrado no disco The Age of Adz. Sufjan, é absurdamente precioso e desenvolve no palco uma espécie de ópera, cheia de sutilezas, fantasias, complexidades, mas ainda assim muito contagiante. Já o Underworld finca o pé no terreno que eles inventaram principalmente com Dubnobasswithmyheadman, esse acid trance house reafirmado no recente Barbara Barbara, We Face a Shining Future. O show dos galeses é inquieto, consistente, seguro e, sobretudo, muito empolgante. 

Bem, e apesar dos deliciosos momentos colhidos por todos esses shows, esteve presente também a já velha EDM da música pop americana e o seu público, me desculpem a hora da noite, boçal. E mais as suas variações mais cafonas como o badalado Miami Horror. Nada por ali parece ter a ver com música. A comparação com a encantadora pista construída e tocada por James Murphy e os 2manydjs, o Despacio, é a prova de que dançar pode se relacionar com o melhor da música. Como as canções que Prince deixou.

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