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Cícero celebra 'disco praiano' com Marcelo Camelo em festival em São Paulo

Coala Festival será realizado neste sábado, 3

Por Pedro Antunes
Atualização:

Não é coincidência que, ao deixar o Rio de Janeiro e se mudar para São Paulo, o carioca Cícero Rosa Lins tenha lançado um disco intitulado A Praia. Ele, que se define tão praiano quanto um bom paulistano e “ia à praia ano sim, ano não”. É na distância geográfica do mar que banha a baía fluminense, mesmo raramente frequentado, que cresce a percepção de deslocamento. Cícero, em São Paulo, é um carioca longe de casa. Deixou seu apartamento, sua rua, seu bairro, cidade e até Estado para trás e criou um novo lugar para si em uma casa na Pompeia, próxima ao Sesc, a partir de 2014. 

E é na cidade na qual ele gravou A Praia, o terceiro álbum de uma bastante elogiada carreira, que ele se apresentará pela primeira vez com Marcelo Camelo, o amigo do Los Hermanos e grande influência dessa nova música popular brasileira. Camelo participa do show de Cícero no Coala Festival, o simpático evento de música que se dedica exclusivamente ao material produzido em solo nacional. Cícero é uma das atrações de uma tarde que conta ainda com Silva, Lila, Céu, Baiana System e Karol Conka. A curadoria do festival se mostra antenada naquilo que é mais quente do cenário independente, já que Duas Cidades, do Baiana, e Tropix, de Céu, lançados neste 2016, já são fortes concorrentes para integrar as listas de melhores álbuns do ano. “Sempre tínhamos essa conversa de fazer um show juntos”, conta Cícero sobre a parceria com Camelo. “Além de não negar a influência que o Los Hermanos tem em mim, eu admiro o Marcelo por tudo o que ele fez para a música brasileira”, garante ainda. 

Cícero Foto: Tucci / Divulgação

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A Praia, de Cícero, é de 2015. Gravado em janeiro e fevereiro daquele ano, o disco foi lançado em março. Trata-se do primeiro álbum do carioca a não ser gravado no próprio quarto dele. Desta vez, Cícero reuniu a banda que o acompanhava em turnê no estúdio El Rocha, em São Paulo, para registrar as dez canções do álbum. O resultado enche e infla o som tão conhecidamente introspectivo de Cícero. Um passo à frente, portanto.

“Comecei a conhecer uma realidade de pessoas que não têm a praia por perto, entende?”, questiona Cícero, que curiosamente estava no Rio de Janeiro na semana pré-Coala com o intuito de ensaiar com Marcelo Camelo a participação dele no seu show. “São Paulo é uma máquina de concreto enquanto o Rio de Janeiro é construído em cima de um cartão-postal.”

Aos 30 anos, sendo os cinco últimos dedicados à sua carreira solo, Cícero tem três discos lançados e uma série de despedidas e vidas deixadas para trás. O músico entendeu como funciona o seu processo criativo – ele envolve despedidas. Não é um acaso o fato de que cada um dos álbuns, Canções de Apartamento (2011), Sábado (2013) e A Praia (2015), tenha sido criado (e os dois primeiros também gravados) em diferentes endereços. “Já morei na zona sul, oeste, norte do Rio de Janeiro”, conta Cícero. “O que é curioso e acho que faz parte da nossa geração. Meus pais, por exemplo, moram no mesmo bairro até hoje.” 

A Praia, assim como os demais discos – e os futuros –, são para Cícero um exercício de sentir o desprendimento. “Minha motivação (para fazer música) não é acadêmica. Ela é existencial. Em vez de tentar criar uma canção que revolucione, algo com um novo método de metragem, eu quero fazer algo que venha de dentro. Quando existe um motivo real, a música reverbera”, acrescenta. 

ATRAÇÕES

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- Silva  14h20 às 15h10 

- Lila  15h40 às 16h20 

- Céu  16h50 às 17h40 

- Cícero (com Marcelo Camelo)  18h10 às 19h20 

- Baiana System  19h50 às 20h50 

- Karol Conka  21h20 às 22h20 

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