Branco Mello descarta nova reunião com ex-integrantes dos Titãs

Cantor e compositor estreia show acústico em São Paulo

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Por João Paulo Carvalho
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São três décadas na estrada e mais de 20 discos lançados. Branco Mello, baixista dos Titãs, achava que todos os desafios de sua extensa jornada musical já haviam sido vencidos. Um equívoco. Neste sábado, 9, e domingo, 10, ele sobe ao palco do Sesc Belém para desafiar a si mesmo com dois shows acústicos. Apenas voz e violão. Sem nenhum integrante auxiliar, algo inédito para o cantor e compositor. “Sempre que fazia algum projeto fora dos Titãs, levava uma banda comigo. Eu, aliás, gosto disso. Curto um rock‘n’roll pesado. Dessa vez, entretanto, queria fazer uma apresentação mais intimista e próxima do público. Estava a fim de contar histórias, bater papo e o formato acústico favorece isso. Trata-se de um desafio artístico diferente para mim”, diz o músico em entrevista ao Estado.

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Aos 53 anos, Branco tem alma de criança. Leva a vida como se ela, de fato, parecesse uma festa. Sorri para os fãs e não rejeita pedidos de selfie em um restaurante na zona oeste de São Paulo, onde conversou com a reportagem. Enxerga o mundo com o mesmo entusiasmo e otimismo do início da carreira. “Estamos preparando uma grande surpresa para os fãs dos Titãs. Novidades virão até o fim do ano. Continuar surpreendendo nosso público é desafiador. É preciso estar antenado e se reinventar a todo instante. O movimento deve ser intenso e constante. Não é algo muito fácil depois de 33 anos de banda”, afirma.

O repertório do show será heterogêneo. Com músicas que vão de Reginaldo Rossi a Ramones, Branco se baseou nas montagens dos espetáculos teatrais da atriz e esposa Ângela Figueiredo. “Os clássicos dos Titãs tocados apenas com voz e violão proporcionam um clima diferente. Sonífera Ilha, por exemplo, é uma música minha, mas eu nunca havia cantado. Só quando compus. Televisão no formato acústico ganha nova cara. Acho que as apresentações em si têm tudo para surpreender.” Flores, Tô Cansado, Marvin, Go Back, e A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana também estarão no set.

Set. Clássicos serão tocados só com voz e violão Foto: Gabriela Biló|Estadão

Em 2014, os Titãs lançaram o excelente disco Nheengatu. O álbum, que resgata a essência mais genuína e rock‘n’roll da banda, ao melhor estilo Cabeça Dinossauro (1986), foi bastante elogiado. O trabalho figurou em quase todas as listas de melhores do ano. “Dá muito orgulho de olhar para trás e ver tudo que produzimos nessa longa jornada. Os Titãs é minha banda definitiva. Nunca haverá outra. Depois desse último disco, lançado em 2014, com um rock mais cru e pesado, isso ficou ainda mais evidente.”

Em junho de 2016, aquele que talvez seja o disco mais emblemático dos Titãs, o Cabeça Dinossauro, completa 30 anos. Em 2012, Branco Mello, Paulo Miklos, Sérgio Britto e Tony Bellotto, os Titãs remanescentes, fizeram uma série de shows pelo País para comemorar a data. Naquele mesmo ano, os ex-integrantes do grupo, Nando Reis, Arnaldo Antunes e Charles Gavin, se juntaram à banda novamente para celebrar as três décadas do conjunto. “Alguma chance de repetir a dose?” Não, nenhuma, segundo Branco Mello. “Há quatro anos, nós fizemos um show comemorativo no Espaço das Américas, em São Paulo. Foi aquilo e acabou. Hoje em dia, portanto, nós não pensamos mais nisso. É inviável. Já comemoramos os 30 anos. Isso está completamente fora dos planos. Outra dessa, talvez, quando completarmos 50 anos de carreira.” 

d Foto: Gabriela Biló|Estadão

Branco Mello também reforça a boa relação com os outros ex-Titãs. Segundo ele, as gargalhadas são inevitáveis nos encontros esporádicos do septeto paulistano. “Meu relacionamento com quem já saiu da banda é bem tranquilo. Outro dia, encontrei o Arnaldo, que é meu vizinho. O Nando também estava lá. Somos todos amigos. Nossos filhos estão sempre se encontrando por aí. Não ficou nada mal resolvido. Tudo foi solucionado. Aliás, quando a gente se encontra, a vida até parece uma festa. Damos muita risada”, gargalha Branco.

Rock em baixa? Segundo dados divulgados pela Crowley no começo desta semana, das 100 músicas mais tocadas pelas rádios brasileiras em 2015, 75 são sertanejas. O rock não apareceu no top 100 pela primeira vez desde o ano 2000, quando a empresa começou a monitorar as rádios do País. Luan Santana, Henrique e Juliano, Eduardo Costa e Bruno e Marrone dominam as primeiras posições. Para Branco Mello, mesmo com os números contrários, o gênero não está em baixa. Segundo o músico, a maneira de consumir o rock mudou. “A onda do sertanejo é passageira, assim como o rock teve sua época dourada. Hoje em dia, o rádio não é a única forma de ouvir rock, embora seja muito importante para a indústria da música. Há uma infinidade de outros canais. Meu filho, por exemplo, tem uma banda que faz show em todos os fins de semana. O rock simplesmente tem outros endereços e fontes de consumo”, acrescenta.

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BRANCO MELLO Sesc Belenzinho. Teatro. Rua Padre Adelino, 1.000, 2076-9700. Sábado (9), 21 h; Domingo (10), 18 h. Ingressos: R$ 9/ R$ 30.

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