Bixiga 70 lança disco mais encorpado e faz dois shows em SP

Novo álbum traz influências afro e ritmos brasileiros

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Por João Paulo Carvalho
Atualização:

Quando o Bixiga 70 retornou da sua última viagem pela Europa no fim de 2014, a banda não tinha nenhuma composição em mente para dar início aos trabalhos do terceiro álbum. O prazo era curto. Por questões contratuais, os músicos possuíam, ao todo, 40 dias para finalizar o novo disco. Depois do sucesso dos dois primeiros trabalhos, a pressão bateu à porta da big band paulistana. Corre daqui, aperta dali. O Bixiga se viu numa situação complicada. Imersos no estúdio, diariamente, por mais de 8 horas, em quase 2 meses, os rapazes superaram as expectativas e lançaram em abril o excelente Bixiga 70 III. As composições do CD são enérgicas. Guiadas pelo groove incessante do afrobeat, as canções valorizam a versatilidade da música brasileira sob diferentes gêneros. Parte deste repertório poderá ser visto nas apresentações que o Bixiga 70 faz nesta quinta e sexta-feira, no Sesc Pompeia. As duas com ingressos já esgotados.

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Após turnês por Estados Unidos, Europa e a primeira vez na África, no Festival Mawazine, no Marrocos, o som do Bixiga 70 ganhou corpo. Diferentemente dos discos lançados anteriormente, este último foi inteiramente gravado dentro do estúdio em um processo coletivo de composição e arranjos sem ideias pré-elaboradas, preservando ao máximo a liberdade de criar da banda. Bixiga 70 III mescla de maneira intensa os sons brasileiros e os grooves africanos. “Este álbum está muito mais coletivo do que os dois anteriores. É a primeira vez que os dez integrantes da banda assinam todas as composições. O segredo foi gravar primeiro as músicas que a gente ainda não tinha levado para o palco. Algo totalmente inverso do que fazíamos”, diz Cuca Ferreira, sax barítono da banda.

O disco completa a trilogia com os primeiros CDs na busca de um som único, atual, urgente e dançante, que só poderia ser produzido hoje numa metrópole tão veloz e movimentada como a capital paulista. O som do Bixiga 70 é cíclico e hipnotiza até o fã mais disperso. Quem ouve de maneira despretensiosa acaba entrando sem perceber no caleidoscópio instrumental rítmico dos músicos. “Acho que de alguma maneira conseguimos quebrar um tabu em relação à música instrumental. Tanto que nosso público é totalmente heterogêneo. Há desde fãs de rock à galera que gosta de MPB. Geralmente, quem aprecia este tipo de som são pessoas que, de alguma forma, estudam música. Isso não acontece nas nossas apresentações”, conclui Cuca.

Raízes. Banda nasceu no bairro do Bixiga, no centro de São Paulo, em meados de 2010 Foto: Sergio Castro/Estadão

 

Na ficha técnica do disco, a banda dedica o álbum a seus ancestrais. “Neste novo trabalho, a gente mexe com raízes musicais de muito tempo atrás. Então esse respeito é bastante presente no nosso dia a dia e na relação com a música. Quando a gente vai desenvolvendo os arranjos e conversa sobre cada elemento, esse respeito está sempre presente nos papos e nas decisões. Achamos muito legal deixar a mensagem bem explícita em uma dedicatória impressa no disco”crava o baterista Decio 7.

Trajetória. Formado em meados de 2010, o Bixiga 70 surgiu para explorar o território de fusão da música instrumental africana, latina e brasileira. Seu nome está ligado ao endereço do estúdio onde o conjunto nasceu: o número 70 da rua Treze de Maio, no bairro do Bixiga, no centro da capital paulista. O primeiro single do novo trabalho, 100% 13, homenageia o local. Com fortes influências do rap, reggae e até mesmo da música árabe, a canção externa bem a explosão de ritmos do novo trabalho do conjunto, além de mostrar a forte identificação dos paulistanos com o Bixiga. “Nós temos uma relação de longa data com a região. O Bixiga é um lugar culturalmente muito rico. Tem toda a questão do samba e da influência do negro na música. Foi justamente neste bairro que os escravos começaram a se juntar. Tem uma missa afro até hoje por aqui. Sempre exploramos esse imaginário em nossas composições. A cidade de São Paulo se reconfigura muito rápido por conta das questões geográficas. Sendo assim, é raro ter um bairro que transmita essa diversidade cultural de maneira tão intensa”, afirma o guitarrista Cris Scabello.

O Bixiga 70 surgiu para explorar o território de fusão da música instrumental africana, latina e brasileira Foto: Sergio Castro/Estadão

 

O Bixiga 70 também prepara dois documentários. Um deles, sobre a turnê que o grupo fez pela cidade de Nova York em 2014, será lançado até julho deste ano. Já o outro filme fala da história da banda. Este último, todavia, ainda não tem data para ser finalizado. 

Depois de se apresentar em São Paulo, a banda também toca em Goiânia no dia 23 de abril; Brasília, 24, e Belo Horizonte, 25. Na sequência, o Bixiga 70 fará uma nova excursão para a Europa. “É sempre bom viajar e ver como é o modelo de negócios das bandas. Adquirimos bagagem musical e também de business. O que é fundamental”, complementa Guga.BIXIGA 70 Sesc Pompeia. Choperia. Rua Clélia, 93, tel. 3871-7700. Quarta e quinta, 21h30. R$ 9/ R$ 30 (ingresso esgotados).

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