Beto Lee lança disco de estréia

O jeito de tocar guitarra traz influência do pai, Roberto de Carvalho; já a identidade paulista/urbana das letras é típica da mãe, Rita Lee. Hoje e quarta que vem, ele mostra seu disco-solo em SP, no Blen Blen

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Por Agencia Estado
Atualização:

Não é só no gene e no sobrenome que Beto Lee traz a herança dos pais. Filho do casal rock-and-roll Rita Lee e Roberto de Carvalho, ele não deixa o ouvinte esquecer do berço que veio em seu primeiro disco-solo, Todo Mundo é Igual - que tem show de lançamento hoje e na quarta que vem, no Blen Blen. O jeito de tocar guitarra traz influência do pai. A identidade paulista/urbana que se manifesta nas letras (sobretudo em Maníaco e Mofodeu) e a aproximação com o compositor Itamar Assumpção (parceiro de Beto na mesma Maníaco e também em Quem Avisa Amigo É), ele puxou da mãe. E o gosto pelo rock, Beto herdou de ambos. "Minha carreira musical é uma continuação da minha vida caseira, da convivência diária com os dois", admite. "Era como se fosse uma voz no meu ouvido, me chamando a toda hora. Eles sempre ensaiaram em casa e eu não tive como fugir, pois sempre gostei de música". O anúncio da decisão de ser músico veio quando Beto tinha 12 anos e foi recebido com ressalvas por Roberto de Carvalho. "Ele falou: ´Meu, você está ferrado! Tem noção do que está falando?´", lembra Beto, hoje com 25 anos. "Antes de começar a tocar guitarra, queria ser bombeiro. Só depois percebi que queria era exatamente fazer o contrário de apagar incêndio - queria botar fogo na música, fazendo rock-and-roll." Na lista de agradecimentos de Todo Mundo é Igual, mãe e pai de Beto estão no topo entre os primeiros nomes, ficando atrás somente de Deus. Roberto de Carvalho ainda é contemplado com uma versão para uma música sua, Porta de Perdição. "Sempre gostei dessa música, ela tem uma pegada meio Steppenwolf. Dá até para cantar Born To Be Wild em cima da base", compara. "Ficaria muito óbvio gravar uma música da minha mãe. Antes da gravação, todo mundo já perguntava que música dela eu iria cantar, então optei por não gravar nada da Rita Lee." Descontando a música do pai e uma versão para o hit brega Fuscão Preto, todo o repertório do disco investe em composições próprias de Beto. Em duas delas, ele foi presenteado com letras do compositor Itamar Assumpção. "Foi um presente, realmente. Eu já tinha falado com ele, que queria musicar algumas letras dele. De repente, eu estou lá em casa e chega um fax gigantesco com duas letras", diz o guitarrista. "Na mesma hora que eu li as letras, já comecei a trabalhar nas músicas, e no mesmo dia elas ficaram prontas. Quando baixa o santo, ninguém segura." Outro letrista de mão cheia que empresta seus versos para o disco de estréia de Beto Lee é Carlos Rennó - que assina a letra de Ceia de Natal. Reconhecido pelas traduções respeitosas para o português de letras de Cole Porter e George Gershwin no disco Cole Porter e George Gershwin - Canções, Versões, Rennó deu asas para um letrista menos refinado. "Quando ele apareceu com uma letra sobre sacanagem, eu achei demais. Parecia que ele tinha entrado na minha cabeça para construir aqueles versos", diz Beto. De fato, quando se lê ou se ouve construções como "Pára Tudo e Se Prepara/ Para um Memorável Oral/ Numa Tarde de Trepadas, Baby/ E Carinhos no Final" - e outras, não publicáveis -, fica estranho imaginar que elas tenham saído do baú de idéias de Rennó. Mas a audição de Todo Mundo é Igual mostra que o letrista entrou na sintonia de Beto Lee - que só oferece versos sem nenhuma pretensão poética. O recado é dado sem maquiagem e cabe ao ouvinte avaliar se isso é bom ou ruim. Para o show de hoje, Beto Lee contará com as participações especiais de Otto e Patrícia Coelho e apresentará uma versão para Mercedez Benz, de Janis Joplin. Aos interessados em assisti-lo, o dono da festa recomenda: "Levem os protetores de ouvido". Beto Lee. Hoje e no dia 9, às 23h30, no Blen Blen (R. Inácio Pereira da Rocha, 520, tel. 3815-4999). R$ 15.

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