PUBLICIDADE

Antonio Sánchez mostra intensidade da trilha sonora de 'Birdman' no Ibirapuera

Mexicano exibirá sua criação para filme de Iñárritu, vencedor de quatro estatuetas do Oscar, no brasiljazzfest

Por Pedro Antunes
Atualização:
  Foto: Atsushi Nishijima | DIV

A cada passo de Riggan Thomson, a bateria de Antonio Sánchez e a câmera de Alejandro González Iñárritu estão atrás. Ele, vivido por Michael Keaton, pisa firme, decidido, pelos corredores labirínticos do teatro no qual sua peça, uma adaptação do conto What We Talk About When We Talk About Love, de Raymond Carver, está à beira da ebulição. Atores descontentes, atuações rasas, pressão da imprensa. Tão importante quanto a falsa sensação de plano-sequência criado pelo diretor mexicano, está a trilha sonora criada pelo baterista, desde 2002 integrante do grupo de jazz Pat Metheny. São as duas características que dão a sensação de claustrofobia e angústia a Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância), filme ganhador de quatro estatuetas do Oscar na cerimônia realizada em 2015.

PUBLICIDADE

Há alguns meses, Sánchez vem alternando seu trabalho com a banda própria, Migrations, com performances da trilha sonora criada por ele para Birdman ao vivo. Sozinho, ele senta atrás da bateria e solta as baquetas, enchendo de vazios e graves a projeção do filme ao fundo. Ele fará a mesma performance ao vivo em São Paulo, no domingo, 3, às 18h30, de forma gratuita e ao ar livre, na plateia externa do Auditório Ibirapuera.

A apresentação, a única com entrada aberta, integra a programação do 31.ª edição do festival brasiljazzfest, realizado nos dias 30 de março e 1.º, 2 e 3 de abril, em São Paulo, com shows também na Sala São Paulo e dentro do Auditório Ibirapuera. No Rio, as apresentações ocorrem nos dias 1.º e 2 de abril e se concentram no Vivo Rio.

Em uma programação com lendas como, por exemplo, Herbie Hancock e Wayne Shorter, Sánchez ganha destaque – e não há nenhuma heresia aí. Além de encher os olhos daqueles que se empolgaram com a oportunidade de acompanhar a construção da soturna trilha ao vivo, em um solo de bateria de duas horas de duração, o músico mexicano terá a chance de mostrar o novo trabalho solo, no dia 1.º (em São Paulo) e 2 (no Rio). Lançado no ano passado, The Meridian Suite, um disco conceitual, é o quarto da carreira dele como band leader, gravado entre tantas participações em projetos dos outros. Sánchez passou por bandas valiosas como aquelas que acompanharam Enrico Pieranunzi, Michael Brecker e o já citado Pat Metheny.

O álbum, de acordo com as próprias palavras do baterista, é um “romance musical”, em vez de um disco comum, com um determinado número de músicas. “Acho que elas acabam se tornando pequenos contos, entende? Queria fazer algo que não tivesse limite de tempo. Como numa conversa. Se você conversa sabendo que tem cinco ou sete minutos, o papo é limitado. Mas e se eu pudesse estender isso?”

  Foto: DIV

O álbum apresenta uma única faixa, caminhando por uma hora e 20 minutos de duração, passando por temas que conduzem a mesma narrativa. “Tive duas inspirações para esse disco”, ele explica. “A primeira foi com The Way Up, um disco do Pat Metheny Group, de 2005. Era assim, também, uma obra única, de 75 minutos de duração. A outra foi Birdman. Enquanto fazia a narrativa do filme, percebi como as canções se comunicavam com as cenas, com os sentimentos. A ideia era criar uma música que fosse o equivalente a isso.”

Sánchez justifica a empreitada como uma forma de se superar e se satisfazer como compositor. “É interessante a liberdade no processo de composição. É ser levado para dentro dessa história que você quer contar”, diz. “Antes dos shows desse disco, eu explico para as pessoas qual é o conceito que estamos prestes a mostrar. Assim, elas não vão achar que somos malucos que tocam por mais de uma hora de uma vez, sem parar.”

Publicidade

ANTONIO SÁNCHEZ  Auditório Ibirapuera  Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº  Com a banda Migration: 3ª (1º), 21h. R$ 20  Trilha de ‘Birdman’: Dom. (3), 18h30. Grátis