Análise: George Michael era a essência do pop romântico sem medo de ser brega

Cantor, morto aos 53 anos, explodiu nas rádios durante os anos 1980

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Por Pedro Antunes
Atualização:

"I'm never gonna dance again, the way I danced with you" (em tradução livre para português, "eu nunca mais vou dançar da forma como dançava com você").

Em 2016, a frase parece saída de algum lambe-lambe mequetrefe colado pelos muros da cidade. Em 1984, a voz de George Michael ao cantar os versos de adeus do seu primeiro sucesso solo, Careless Whisper, era ouvida por todos os cantos. A canção foi número 1 em 25 países. E, seu disco, vendido 6 milhões de cópias. 

O cantor se apresenta em show para arrecadar fundos para luta contra a AIDS, em 2012 Foto: AP Photo/Francois Mori

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George Michael, morto aos 53 anos, durante as festividades de natal, de acordo com seu empresário, era a representação daquela década de 1980 como poucos - para o bem e para o mal.

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Das ombreiras ao cavanhaque fino que contornava seu queixo. Daquele blues-eye-soul (gênero criado para denominar cantores que não eram negros que se aventuravam por um soul contemporâneo para a época) ao pop quase de pista, com Freedom '90 ou Faith. 

Personificação de uma geração, George Michael despontou com o Wham!, duo no qual dividia os holofotes com Andrew Ridgeley. Juntos, venderam 25 milhões de cópias de discos entre 1982 a 1986.

Durante esse período com o Wham!, o cantor inglês testou seu terreno. Careless Whisper foi um tiro certeiro. A introdução do saxofone Steve Gregory é, até hoje, ouvido pelas rádios FM dedicadas ao público adulto. Havia achado uma mina de ouro. 

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 Neste ano de 1986, Michael decidiu seguir em sua carreira solo, não sem antes entregar mais um sucesso ao lado do parceiro. Com a música The Edge of Heaven, eles figuraram mais uma vez no topo da lista das mais executadas no Reino Unido. 

Como artista solo, conquistou mais uma porção de prêmios, como 2 gramofones do Grammy e 3 Brit Awards, e discos de ouro pelos números assustadores de vendagem. Sozinho, debutou com Faith, álbum de 1987. 

Na capa, a barba por fazer e a jaqueta de couro, em voga até hoje - o que talvez denuncie a década na qual o álbum tenha sido lançado seja a ausência de uma camisa por baixo da jaqueta e, principalmente, o brinco em formato de crucifixo. O primeiro single foi I Want Your Sex, faixa rejeitada por muitas rádios pelo conteúdo dos seus versos. 

Ao longo da década seguinte, ele entregou mais um bom número de sucessos. O álbum seguinte, Listen Without Prejudice, lançado em 1990 partia para uma sonoridade séria, com canções por vezes mais engajadas. É desse disco o hit Freedom '90, por exemplo. 

 Aos poucos, Michael passou o bastão para cantores recém-chegados, com seus jeitos de galã e canções criadas para grudar nos ouvidos dos ouvintes. Sua discografia não foi extensa. Lançou ainda Older (1996), Songs from the Last Century (1999) e Patience (2004). O último trabalho com vida foi Symphonica, um álbum ao vivo, de 2014. 

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