Os homens estavam sérios demais em 1975. Subiam ao palco com guitarras para longos solos de improviso em posturas austeras para fazer música adulta. Depois de quase 10 anos do impacto lisérgico e grandiloquente de Sgt. Pepper’s, o blues rock e o southern rock começavam a desaguar ou no hard rock ou no rock progressivo.
Alice Cooper, o nome da banda antes de ser o do homem, completa 70 anos neste domingo, 4. Foi ele quem percebeu que havia espaço de sobra para a fantasia. O discurso de sua proposta gótica era inverossímil por si só, o que lhe deixava com duas possibilidades. Ou levava o jogo a sério e fazia rock nos moldes adultos da época, ou assumia como verdade o que cantava. Nascia o espetáculo teatral dos shows de rock ou, a nomenclatura que ele acabou aproveitando dos críticos, o “teatro do horror”.
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Cooper abriu o portal de uma imaginação até então trancafiada nas pretensões dos guitar e vocal heroes. Ator e músico de Detroit, percebeu a dimensão dramática do negócio e apostou alto. Investiu em jogos de luzes sofisticados, pela primeira vez uma banda fez isso, e em uma roteirização cinematográfica potencializada por uma música de alta tensão. Surgia o gênero das horror bands.
Uma indústria nasceu da visão de Cooper, inspirada na crença fajuta de que o demônio é o Senhor, e bandas se ergueram das profundezas. Black Sabbath, Kiss, Iron Maiden, Slipknot e todas as ramificações surgiriam da gene de um mal que nunca fez mal a ninguém.
Guilhotinas, cadeiras elétricas, cobras e muito sangue. Falando assim, causa repulsa. Mas experimente vê-lo ao vivo. Vendedor de 50 milhões de discos, o avô do metal reclama de reconhecimento no hall da fama de seu universo. “Não sei como podem continuar fingindo que Alice Cooper nunca existiu. Eu fui o começo disso tudo.” É melhor acreditar, antes que o homem se enfeze.
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