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Alt-J mescla gêneros na medida certa

Trio britânico fez apresentação baseada no repertório do disco 'This Is All Yours' no Lollapalooza

Por João Paulo Carvalho
Atualização:

O Alt-J não é de longe uma banda empolgante. Introspectivo, o agora power trio britânico parece não se importar muito se o som agrada ou não o público. Comandados pelo tecladista Gus Unger Hamilton, os ingleses mesclam folk, rock e música eletrônica na medida certa. Fica difícil definir a sonoridade do grupo. Eles mesmos não sabem rotular. Tudo bem, não é preciso.

Com um repertório baseado no disco This Is All Yours, segundo algum da banda, o Alt-J encontrou justamente nesta indefinição sonora a fórmula do sucesso. Com um show simples e sem firula, a banda, que pediu para se apresentar mais cedo no Lollapalooza para dar tempo de conseguir tocar no Madison Square Garden, em Nova York, neste domingo, demorou apenas alguns minutos para mostrar suas armas no Palco Skol as 15h55. Gus Unger Hamilton, Thon Green e Joe Newman transitam do rock para o folk, passando pela música eletrônica e o pop, com a mesma naturalidade em que trocam de roupa.

Alt-J se apresenta no primeiro dia do festival Lollapalooza Foto: RAFAEL ARBEX/ESTADÃO

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A suavidade em que a banda caminha entre o indie e o pop, coloca o Alt-J como um dos grandes nomes da música na atualidade. Com apenas dois discos, An Awesome Wave (2012) e o elogiadíssimo This Is All Yours (2014), os ingleses, que se conheceram na Universidade de Leeds, na Inglaterra, despontam como protagonistas do festival. Trata-se da essência sonora do Lollapalooza.

Comparados ao Radiohead, o Alt-J leva vantagem num quesito: versatilidade musical. Desfalcados de Gwil Sainsbury, que deixou o grupo no início de 2014, o Alt-J parece ter evoluído musicalmente. Enrolado numa bandeira do Brasil no pescoço, Joe não abusa dos clichês. Prefere demonstrar seu carinho pelo País com olhares latentes, solos emblemáticos e música de qualidade. Clássicos como Breezeblocks, Hunger of The Pine e Left Hand Free deram números finais à apresentação destruidora do Alt-J. Destruidora porque não precisa de riffs estridentes para ser rock. Destruidora porque não necessita de sintetizadores em excesso para fritar no eletrônico. Destruidora porque não se auto-rotula para empolgar.

O Alt-J e o símbolo da música moderna. Representa aquilo que o jovem quer ouvir e, inconscientemente, dialoga com seus desejos e indagações sem respostas dicotômicas.

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