A chamada “nova geração do humor” já se estabeleceu e já mostrou a que veio. Muitos comediantes conseguiram destaque na TV, no teatro e na internet e vieram em uma hora em que o humor precisava mesmo se reinventar, ou melhor, se renovar. A nossa comédia vivia um momento de “bundamolismo” clínico. E esse grupo de talentosos humoristas angariou milhões de fãs por todo Brasil e pelo mundo (afinal de contas, a internet taí!).
Só que muitos desses fãs, não são apenas admiradores, são fãs que querem seguir os mesmos passos. Hoje, se você perguntar para um moleque de 14 anos o que ele quer ser quando crescer, existe uma grande chance dele te responder: comediante. Muita gente, de muitas idades, me pede dicas e querem saber como começar. Eu sempre digo: leia muito, assista a tudo de comédia que você puder, escreva sem parar e dê um jeito de se apresentar em algum lugar porque comédia é prática.
E uma pergunta eterna sempre paira no ar: é possível aprender a ser engraçado ou isso é um dom? Talvez, uma parte dessa resposta pode estar no livro, recentemente lançado pela editora Gryphus, chamado Como Escrever Humor, do escritor americano Mel Helitzer. Nele, a comédia é tratada como uma matéria em uma faculdade. Existe lógica, matemática e fórmula para se compreender melhor a “fazeção” do humor.
Muita gente acha que é só subir lá no palco e ser engraçado. Mas entre a primeira linha de um texto que está sendo escrito e a risada final do público, muita coisa acontece. Muita coisa. Sangue, suor e lágrimas, eu diria. O livro não ensina você a ser engraçado, mas sim, a compreender como a comédia funciona e porque ela funciona ou não. Não existe certo ou errado, existe maior e menor propensão ao riso. E isso pode ser ensinado sim.
O autor propõe uma série de exercícios para se começar a criar uma piada. Tipo lição de casa. E não é que ajuda mesmo? O livro é bem teórico e destinado àquelas pessoas que estão na estaca zero e por isso mesmo pode ser bem elucidativo. Recheado de frases divertidas de comediantes famosos e explicações psicológicas sobre o fazer rir, o livro é uma ótima opção para se estudar o humor. Uma espécie de cartilha para se consultar de vez em quando, inclusive.
Destaque também para a tradução de Ricky Goodwin que consegue transpor a difícil barreira de fazer uma piada americana funcionar em português. É muito bom poder ler um livro que valoriza a comédia e dá a ela a importância que merece, principalmente nesse momento em que ela está tão popular. Se tem gente que quer fazer isso da vida, que pelo menos faça com conhecimento de causa e não de qualquer jeito. Porque, afinal de contas, o humor é uma arma. E como dizia Robert Oben: “Quando gargalhamos, somos reféns temporariamente da pessoa que nos fez rir”. Eu li isso num livro. Nesse.
PS: Outra dica é o excelente livro do humorista Léo Lins, Notas de um Comediante de Stand Up. Uma boa imersão no mundo do stand up comedy.COMO ESCREVER HUMOR - PARTE 1Autores: Mel Helitzer e Mark A. Shatz Trad.: Ricky Goodwin Editora: Gryphus(230 págs.,R$ 39,90)