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Narrativa impiedosa da autobiografia de Rita Lee pode ser ensinamento à classe artística

Antes de escreverem sobre si mesmos no papel de seres infalíveis, astros da MPB deveriam ler o livro da cantora

Foto do author Julio Maria
Por Julio Maria
Atualização:

Rita Lee retirou o grampo da granada e a jogou no próprio pé. Ao cair, a bomba não só a desintegrou como lançou estilhaços a muitos que um dia estiveram a seu lado. Os irmãos Sérgio Dias e Arnaldo Baptista, parceiros de Mutantes, e sua família; o guitarrista Luis Carlini, do Tutti Frutti; a empresária Monica Lisboa, chamada pejorativamente de “governanta”, produtores, jornalistas, compositores.

Em apenas um parágrafo, Rita implode assim a família dos irmãos Mutantes. “...Avançavam na comida antes de chegar à mesa, falavam alto de boca cheia e, para meu completo nojo, bebiam no gargalo da mesma garrafa de Coca Cola passada de mão em mão...” Sobre Sérgio Dias, faz o pior comentário que um guitarrista pode ouvir: Ele era “95% técnica e 5% alma”. Sobre os problemas psiquiátricos de Arnaldo Baptista, ela conta um episódio aterrador. Um dia, ligou para ele como se fosse a secretária de Kurt Cobain e Arnaldo, interessado, passou a falar sem nenhum sinal de demência. Rita contesta o estado clínico de seu ex-marido.

Em 1968. Com os mutantes Arnaldo e Sérgio Foto: Acervo Estadão
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