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Machado de Assis e Dalton Trevisan são lembrados em mesa sobre literatura erótica na Flip

Reinaldo Moraes e Eliane Robert Moraes conversaram e leram trechos de obras apimentadas

Por Guilherme Sobota
Atualização:

PARATY - A "pornografia desorganizada" do Brasil, para usar um termo de Mário de Andrade pinçado pela pesquisadora Eliane Robert de Moraes, foi o ponto de partida da mesa Os Imoraes, que encerrou os trabalhos desta sexta-feira, 3, na Flip, em Paraty. Organizadora da nova Antologia da Poesia Erótica Brasileira, publicada agora pela Ateliê Editorial, a professora da USP explicou que depois de uma extensa pesquisa de 10 anos chegou a 300 poetas e 1500 poemas antes da seleção final que compõe o livro.

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O volume reúne poemas de Gregório de Matos, Sebastião Nunes, Hilda Hilst, Dalton Trevisan, Claudia Roquette-Pinto e muitos outros - vários dos quais foram lidos durante a mesa.

Autor do clássico contemporâneo Pornopopeia (2009) e do mais recente O Cheirinho do Amor, Reinaldo Moraes preparou dois textos inéditos para o encontro (acesse no link abaixo). "São duas psicografias de Machado", explicou. A intenção era imaginar como seria uma descrição machadiana de uma transa - relato que Machado deixa de fora de seu Memórias Póstumas de Brás Cubas.

Eliane Robert Moraes e Reinaldo Moraes Foto: Walter Craveiro/Divulgação

O Cheirinho do Amor é um volume de reunião de crônicas publicadas na revista masculina Status - ofício que ele desempenhou até mês passado. "Chovem assuntos para crônicas, mesmo para um cronista fescenino como eu tinha que ser", afirmou. "Outro dia por exemplo abri o jornal e me deparei com a notícia de um homem que tinha dois pênis, uma síndrome grave, e aí comecei a imaginar qual dos dois ele usava primeiro, etc", disse, arrancando risos do público.

Após uma menção sobre uma tara que Marquês de Sade escreve e que Reinaldo também escreveu, sem saber, em um dos seus contos do livro Umidade (2005) - de fazer a casa em que a festa está rolando desabar - Eliane comentou a literatura que ambos os autores (Sade e Reinaldo) praticam: "as metáforas desses dois escritores fazem com que as coisas desabem e nos faz encarar nossa humana condição no seu lugar mais provisório, mais irremediável."

Leia o texto inédito de Reinaldo Moraes disponibilizado pela Flip.

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