Macau, na China, quer entrar na rota das letras lusófonas

Festival The Script Road, no sudeste asiático, reúne escritores e artistas de Brasil, Portugal e outros países

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Por Guilherme Sobota
Atualização:

Incluir Macau – uma região tão particular da China que tem o português como idioma oficial – no mapa da literatura lusófona é a missão desafiadora que enfrentam os criadores do The Script Road, o Festival Literário de Macau, cuja quinta edição começou neste fim de semana e vai até o dia 19 de março, na localidade do sudeste asiático.

Criado em 2012 por Ricardo Pinto e Hélder Beja, jornalistas portugueses residentes em Macau, o festival foi inspirado na Flip brasileira e a dupla já o avalia como um dos principais do mundo lusófono. Uma das ideias iniciais era criar interesse pela arte e estimular leitura e produção de literatura no local. “São mudanças profundas, mas é um caminho que só pode ser feito com a construção de novos públicos e incentivo de uma política de leitura”, diz Beja, de Macau. O festival é trilíngue: chinês, inglês e português – “não é meramente para expatriados”, garante o curador.

Jogo. Indústria floresceu desde 2001 e é, ao lado do turismo, o setor mais forte do local Foto: Wikimedia Commons

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Cinco autores brasileiros estarão por lá nos próximos dias na programação oficial: Luiz Ruffato, Marcelino Freire, Carol Rodrigues, Felipe Franco Munhoz e o crítico literário Paulo Franchetti (especialista na obra de Camilo Pessanha, um dos homenageados desta edição), entre outras dezenas de nomes internacionais (veja alguns destaques abaixo).

“Neste encontro entre a China e a lusofonia, o Brasil não pode ser esquecido”, afirma o curador. “É um país com uma cultura enorme, riquíssima, com muitos bons escritores, e com o maior potencial dentro do mundo lusófono”, diz.

A indústria do jogo é a mais forte do local – o que rendeu a Macau o apelido de Las Vegas do Oriente – e também ajuda a sustentar o festival, que tem um orçamento de 2,3 milhões de patacas (a moeda local, que atualmente vale R$ 0,49). Metade do valor é proveniente de recursos públicos locais.

“O festival tem dois pontos base”, explica Beja. “Promover este encontro, no tempo espaço, entre autores chineses e lusófonos, e depois, convidá-los a escrever sobre a cidade. Macau, apesar de ser um lugar tão especial e único no mundo, passa um pouco ao lado da atenção dos grandes escritores da lusofonia e da China”, analisa. 

Um volume com escritos dos autores convidados é lançado no ano seguinte ao festival.

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DESTAQUES INTERNACIONAIS

Adam Johnson

O norte-americano venceu o Pulitzer de ficção em 2013 pelo romance The Orphan Master’s Son, que se passa na Coreia do Norte.   José Pacheco Pereira

O intelectual português é colaborador regular da imprensa europeia e destacado biógrafo, bibliófilo e professor universitário em Portugal.   Chan Koonchung

Um dos mais importantes e críticos autores chineses contemporâneos, teve seu romance distópico The Fat Years traduzido para 16 idiomas.