O escritor espanhol Juan Goytisolo receberá nesta quinta, dia 23, o Prêmio Cervantes, no valor de 125 mil euros, considerado o Nobel das letras hispânicas, das mãos do rei Felipe VI, por “seu trabalho na investigação da linguagem e seu compromisso com o diálogo intercultural”.
Será a primeira vez que o premiado não vai usar smoking na cerimônia de entrega, no auditório da Universidade de Alcalá de Henares. “Eu não vou colocar esse traje. Não vou me disfarçar. É um absurdo que alguém com 84 anos use um disfarce. Vou vestido normalmente”, afirmou o vencedor.
Nascido em Barcelona, Juan Goytisolo afirmou que nessas ocasiões se sente como “um clandestino em um transatlântico” e que vai fazer um discurso breve, mas intenso, e tentará “dizer muito com poucas palavras”.
Autor de obras de ficção como A Saga dos Marx, As Semanas do Jardim, Juegos de Manos, Duelo en el Paraíso, Señas de Identidad e Juan Sin Tierra, o catalão é fortemente comprometido com a esquerda política e teve seus livros proibidos na Espanha nos 36 anos da ditadura de Francisco Franco, entre 1940 e 1976.
Nascido em uma família basco-cubano, irmão do poeta José Agustín Goytisolo, que morreu em 1999, e do também escritor e acadêmico Luis Goytisolo, Juan era criança quando a mãe foi morta durante a Guerra Civil Espanhola. Ele cresceu odiando a ditadura fascista e os valores religiosos conservadores do país. De 1948 a 1952, estudou nas universidades de Barcelona e Madri. Desde o fim dos anos 1950, viveu no exílio autoimposto em Paris e depois em Marrakesh, no Marrocos.
No ano passado, a mexicana Elena Poniatowska levou o Cervantes e nos anos anteriores foram premiados o chileno Nicanor Parra, os mexicanos Octavio Paz, Carlos Fuentes e José Emilio Pacheco, o argentino Jorge Luis Borges e o peruano Mario Vargas Llosa.