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'Foi um crime contra a Terra', diz poeta Leonardo Fróes sobre Mariana na Flip

Escritor e tradutor fluminense participou de mesa na Festa Literária Internacional de Paraty neste sábado, 2

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Por Redação
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PARATY - Um absurdo completo: foi assim que o poeta fluminense Leonardo Fróes - cultuado por mais de uma geração de poetas de todo o Brasil - definiu a tragédia/crime ambiental que aconteceu em Mariana (MG) em 2015. Ele participou neste sábado, 2, de uma mesa na 14.ª Festa Literária Internacional de Paraty, no litoral sul fluminense.

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Com uma ligação intrínseca com a terra, que define sua vida e obra, Fróes afirmou que o ocorrido foi um crime não só contra as pessoas, mas contra o planeta e contra os animais da região. "Foi uma tristeza."

A mineração agressiva foi outra questão que o poeta comentou. "O Brasil está sendo escavado. A noção que eu tenho é que a Terra é um organismo vivo", afirmou - ele vive num sítio em Secretário (na região de Petrópolis, RJ) desde os anos 1970. "Sentimos isso de uma forma muito forte quando se trabalha para plantar. Uma enxadada passa uma nítida sensação de cortar", explicou. 

Sérgio Cohn, que mediou a mesa, e Leonardo Fróes (d) na Flip 2016, neste sábado, 2 Foto: Walter Craveiro/Divulgação

Fróes leu diversos poemas - textos curtos que passeiam com lirismo por temas da natureza, do homem e do divino. "Existe uma tradição da poesia ocidental da natureza, muito descritiva, mas esse não é o meu caminho", afirmou. "Mesmo quando há descrição, nos meus poemas sempre existe um substrato filosófico, considerando a condição humana." Em 2015, a Azougue lançou Trilha: Poemas 1968-2015, antologia organizada pelo próprio. O livro sugeriu uma nova onda de evidência para a sua poesia.

Seu trabalho de tradução, igualmente respeitado, vai de Jonathan Swift, passando por William Faulkner e Virginia Woolf, até Jean-Marie Gustave Le Clézio, entre muitos outros. "Quase sempre procurei seguir tanto quanto possível o original", disse, citando sua "escola da fidelidade". "Sempre me senti inferior ao original. Sou um instrumentista seguindo uma partitura. Tenho que tentar ser fiel ao compositor."

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