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Dois livros trazem sugestões de roteiro de espaços literários de SP

Volumes guiam os leitores por ruas, prédios, casas e eventos

Foto do author Maria Fernanda Rodrigues
Por Maria Fernanda Rodrigues
Atualização:

Quem gosta de literatura sempre dá um jeitinho de visitar lugares importantes para seus autores e personagens preferidos quando viaja - a casa de Victor Hugo em Paris, de Charles Dickens em Londres, de Fernando Pessoa em Lisboa, de Pablo Neruda em Santiago, de Anne Frank em Amsterdã; as ruas de Dublin por onde Leopold Bloom passa em Ulysses, de James Joyce; os bares em que Ernest Hemingway bebia em Paris e Madri.

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Há alguns exemplos aqui também, como as casas de Guimarães Rosa, em Cordisburgo, e a de Cora Coralina, na cidade de Goiás. E há a Casa Guilherme de Almeida, nas colinas de Perdizes, que não deixa nada a desejar aos tantos museus casa espalhados pelo mundo. Muito pelo contrário. Passando de cômodo em cômodo, é possível imaginar como o poeta modernista e sua mulher Baby viviam - eles se mudaram para lá em 1946, quando o bairro ainda era longe de tudo. Estão ali, para quem quiser ver (a visita, gratuita, é guiada), objetos, louças, livros, a arma que usou na Revolução Constitucionalista, os brinquedinhos dos cães, a luneta - e muitos retratos do casal e quadros feitos pelos amigos Di Cavalcanti. Lasar Segall, Tarsila do Amara, Anita Malfatti. 

O museu funciona desde 1979, mas nunca foi tão visitado quanto é hoje - pudera, é o único espaço do gênero na cidade e sua existência se deve, na opinião de Marcelo Tápia, diretor da instituição, ao próprio poeta e Baby. Alunos visitam com frequência, mas sua função não se limita à preservação da memória da família. Lá, são realizados cursos e debates, sobretudo na área de tradução.

Se a Casa Guilherme de Almeida é única no quesito museu em São Paulo, como centro cultural e espaço para curtir literatura ela encontra pares de peso. Dois livros lançados recentemente se dedicam a mostrar essa faceta da Cidade. Rotas Literárias de São Paulo, de Goimar Dantas, é uma espécie de grande reportagem sobre o tema. Já São Paulo, Literalmente - Uma Viagem Pela Capital Paulista na Companhia de Grandes Escritores, de João Correia Filho, funciona como um guia, com informações práticas sobre os lugares. 

Mas este é um assunto vivo, e há sempre alguma novidade, como a primeira estante fixa do projeto Esqueça um Livro, instalada no Rock’n Roll Burguer, na Augusta. Funciona assim: basta ir lá, deixar aquele livro que você não quer mais e pegar outro - se quiser. Essa história de “esquecer um livro” está virando mania na cidade e há pouco foi criado o Leitura no Vagão. Por isso, se encontrar um livro perdido e quiser pegar para ler, é só deixá-lo em algum lugar depois para que outra pessoa também possa usá-lo. E isso vale também para alguns táxis que integram o projeto Bibliotaxi.

Museu. O poeta modernista Guilherme de Almeida deixou sua casa em Perdizes para a posteridade Foto: Zeca Wittner/Estadão

Outra novidade: será inaugurada, entre outubro e novembro, pelo Instituto Brasil Leitor e SPTrans, a primeira biblioteca do programa Leitura no Ponto. Ela ficará no Terminal Pinheiros. Até 2015 serão criadas outras seis e até 2017, mais cinco. Além disso, a Cozinha da Doidivana - Ivana Arruda Leite cozinha enquanto conversa com um escritor -, que fez sucesso no Casarão do Sesc Ipiranga, cuja programação termina em novembro, deve ser levada, no ano que vem, para dentro da unidade da instituição no bairro. 

Como os dois livros mostram, há muitas atrações literárias em São Paulo. Basta definir a região e fazer o próprio roteiro, ou escolher um escritor ou uma obra e seguir seus passos. Mas não deixe de visitar as bibliotecas, onde é possível, além de emprestar e consultar livros, participar das intensas programações culturais. 

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A Biblioteca de São Paulo, onde ficava o Carandiru, não está nos livros, mas é um dos melhores exemplos de transformação do espaço público e a que tem o conceito mais moderno. Uma das mais antigas que foi recentemente restaurada é a Mário de Andrade, na Consolação. A mais nova de todas, a Brasiliana Guia e José Mindlin, na USP, também merece a visita.

Criada em 1936 por Mário de Andrade, a Biblioteca Monteiro Lobato é dedicada à literatura infantojuvenil. Uma exposição em homenagem ao criador de Emília mostra até um pedaço da costela dele. Por falar em Mário, na casa em que ele viveu, na Barra Funda, são realizados cursos na área de literatura. Um piano encostado na recepção foi o que sobrou dos tempos do escritor, mas vale o exercício de imaginação ao andar pela casa, que é aberta ao público - tudo o que pertenceu a ele está no Instituto de Estudos Brasileiros.

E há uma série de encontros nos mais diferentes espaços. Nas unidades do Sesc, por exemplo, as dicas são o Sempre um Papo - a cada 15 dias um escritor participa de bate-papo na Vila Mariana -, o Clube de Leitura no Sesc Carmo - hoje, às 19 h, o tema é Toda Poesia, de Leminski, e o Estante Viva, no Belenzinho - Eliardo França (30/10) e Paloma Vidal (27/11) falam de seus livros fundamentais. ROTAS LITERÁRIAS DE SÃO PAULOAutora: Goimar Dantas Editora: Senac (368 págs.,R$ 59,90)SÃO PAULO, LITERALMENTEAutor: João Correia Filho Editora: Leya(400 págs.,R$ 89,90)ENDEREÇOS Casa G. de Almeida Rua Macapá, 187 - Tel. 3673-1883Oficina da Palavra (Casa Mário de Andrade) Rua Lopes Chaves, 546 - Tel. 3666-5803Biblioteca de São Paulo Av. Cruzeiro do Sul, 2.630 - Tel. 2089-0800Biblioteca M. Lobato Rua General Jardim, 485 - Tel. 3256-4122Biblioteca M. de Andrade Rua da Consolação, 94 - Tel. 3256-5270Esqueça um Livro Rua Augusta, 538Sesc (programação e unidades)www.sescsp.org.br

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