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Corpo do escritor Eduardo Galeano é cremado no Uruguai

Mujica, Tabaré Vázquez e outros líderes foram ao velório nesta terça

Por EFE
Atualização:

MONTEVIDÉU - Centenas de pessoas deram nesta terça-feira o último adeus a Eduardo Galeano, o escritor uruguaio que "deu voz aos sem voz" e expôs "a crua realidade" da América Latina.

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O parlamento do Uruguai foi palco do último capítulo escrito por um dos autores mais importantes e influentes da literatura latino-americana, que morreu ontem aos 74 anos.

"Ele deixa para uma humanidade um montão de histórias lindas", afirmou Valentina, sobrinha do autor, um dos vários parentes que permaneceram ao lado do caixão, recebendo os incontáveis gestos de carinho de amigos de Galeano e vários anônimos que se identificavam com seus livros.

José Mujica ao lado de Helena Villagra, viúva do escritor uruguaio Eduardo Galeano Foto: AFP

"Compartilho a afirmação de que (Galeano) era a reserva moral da esquerda. Estou de acordo. E não acho que esteja esgotada, mas ele era um representante dela", afirmou o cantor espanhol Joan Manuel Serrat sobre o amigo, após viajar da Argentina para o velório.

"Sinto muito não poder voltar a tomar vinho com ele, nem conversar sobre coisas cotidianas, nem falar de futebol, de literatura ou política. Mas agradeço à vida os anos que me permitiu fazê-lo", acrescentou o cantor, quem definiu Galeano como uma "grande referência" com ideias "muito claras, mas não ortodoxas".

O vice-presidente da Venezuela, Jorge Arreaza, acompanhado de sua esposa, Rosa Virgínia Chávez, também viajou especialmente ao Uruguai para prestar uma última homenagem ao escritor.

"Aprendemos muito com Galeano e sempre sentimos seu apoio, sua solidariedade com a revolução bolivariana, com o comandante Hugo Chávez e o presidente Nicolás Maduro", afirmou Arreaza, que levou à família do autor uma carta do líder venezuelano e acrescentou que os livros de Galeano serão eternos para os latino-americanos.

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Caixão de Eduardo Galeano durante funeral em Montevidéu nesta terça Foto: AP

Autor de As Veias Abertas da América Latina, um dos livros mais vendidos e conhecidos do continente, Eduardo Galeano nasceu em Montevidéu em 1940 e morreu na última segunda-feira em um hospital uruguaio, vítima de um câncer de pulmão que o acompanhava há anos. Seus restos mortais serão cremados nesta quarta-feira na capital uruguaia.

O carro fúnebre foi recebido com honras pela Guarda de Honra do batalhão de infantaria, que escoltou o caixão de Galeano até o centro do salão, onde em poucos minutos repousava rodeado de coroas de flores e coberto por uma bandeira do Uruguai.

"Ele nos ajudou a pensar a minha geração. Abriu-nos os olhos. Nos fez conhecer e entender a injustiça do continente e do mundo. A nos colocar ao lado dos oprimidos", explicou entre as lágrimas Jorge, cidadão uruguaio, após entrar na capela onde o corpo era velado.

O presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, afirmou que Galeano expôs a crua realidade da América Latina. Considerou o escritor como um gladiador que deu voz aos mais humildes, mostrando as desigualdades do continente.

"Escreveu como viveu e viveu como escreveu. Nos deixa uma lição de vida, de ética e de coerência muito grandes", afirmou Vázquez. No fim do velório, o público que ainda permanecia no local se despediu do escritor com aplausos.

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