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Cassandra Clare fala na Bienal sobre os seus Caçadores de Sombras

Ficção de fantasia fez a autora cosmopolita vender mais de 25 milhões de exemplares no mundo todo; ela fala neste sábado e domingo na mostra no Anhembi

Por Guilherme Sobota
Atualização:

Há alguns anos, de Londres, uma senhora, então com 91 anos, mandou um e-mail para a escritora Cassandra Clare dizendo, imagina-se que com uma pontinha de culpa, que ela era sua fã mais velha. “Desta vez, eu acho que ela estava certa”, ri Cassandra, em uma conversa com o Estado, na sexta-feira, em um hotel em São Paulo – e-mails com esse teor são frequentes na sua caixa de entrada.

Cassandra participa no sábado, 23, e no domingo, 24, da Bienal do Livro (na Arena Cultural, às 14 h) para falar sobre o gênero que a fez vender mais de 25 milhões de livros (na maioria, mas nem sempre, para jovens leitores) no mundo todo: a fantasia. Autora da série Instrumentos Mortais (cujos dois primeiros títulos, Cidade dos Ossos e Cidade das Cinzas, estão sendo relançados pela Galera Record em edição de colecionador), Cassandra começou na ficção escrevendo fan fictions (histórias baseadas em personagens existentes) de Harry Potter. Divulgou na internet, arrebanhou uma legião de fãs e, desde então, é referência quando o assunto é magia, literatura e prateleiras cheias no mundo todo.

Cassandra Clare fala na Bienal sobre os seus Caçadores de Sombras Foto: Rafael Arbex/Estadão

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“Eu não sabia como isso se chamava, mas depois conheci muitas pessoas que gostavam, que criavam e criam comunidades na internet. Isso é muito bom para nós, escritores, porque é um bom jeito de divulgar e dividir os seus escritos”, diz – ela nunca imaginou que um dia pessoas fariam isso com o próprio trabalho.

Esse relacionamento com os leitores é algo que ela mantém, na medida do possível. “Eu não pretendo mudar coisas nas histórias por causa disso, mas às vezes coloco pequenas brincadeiras que apenas esses, que participam das comunidades nas redes sociais, vão pegar”, afirma. “Os livros são uma coisa, e a interação com os leitores é outra, mas algumas vezes essas duas coisas se encontram.”

Cassandra acredita que as pessoas gostam tanto da ficção de fantasia porque ela fornece um escape da vida real, do trabalho de todos os dias, do trânsito – “especialmente em São Paulo!”. “Mas uma das razões especiais é que no mundo da fantasia o jovem faz as suas regras, se vê como a pessoa mais importante, como o herói. Nos livros, eles têm liberdade completa e independência, diferentemente da vida real”, sugere.

Ela começou a escrever Cidade dos Ossos em 2005, quando tinha acabado de se mudar para Nova York para trabalhar em um tabloide, cobrindo celebridades. Percebeu que não era bem assim que queria levar o resto da vida, e aproveitou a onda da internet para tentar publicar suas histórias. Escreveu, então, o primeiro de sua série de fantasia – com uma garota como protagonista e situada no tempo contemporâneo e urbano.

“Pensei que se fosse eu que estivesse crescendo, naquele momento, e quisesse ler um tipo específico de livro, gostaria que fosse sobre uma garota que também está passando por esse processo”, conta. “Queria também que fosse o mais verdadeiro possível, para que o leitor sentisse algo como: ‘Vou sair pela porta, e logo ali já pode estar acontecendo algo mágico’.” Por isso o contemporâneo.

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No mês que vem, sai nos Estados Unidos o primeiro livro da série Magisterium (The Iron Trial, que vai ser publicado por aqui pela Novo Conceito), que é resultado do trabalho a quatro mãos com a autora de As Crônicas de Spiderwick, Holly Black. E foi quase literalmente a quatro mãos mesmo. Durante um ano, as duas escritoras se reuniram regularmente e cada uma escrevia uma página – não sem antes revisar e editar a página anterior, escrita pela colega. “Tentamos fazer por Skype algumas vezes, mas não deu certo.” Tudo para tentar criar uma voz única. Os personagens da nova série são mais novos e o “tipo de mágica” é diferente – mas a história também se passa no contemporâneo. Mais uma promessa de vendas volumosas – e de, por que não, um pouquinho de diversão.

QUEM É - CASSANDRA CLARE, ESCRITORA

Nasceu em Teerã, Irã, em julho de 1973 – filha de pais americanos, passou boa parte da infância viajando por países da Europa e pelos EUA. “Os livros eram meus melhores amigos”, conta. Seu primeiro livro foi publicado em 2007.

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