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Biografia de Rolando Boldrin relembra sua trajetória na música, TV, cinema e teatro

Livro foi escrito pelos jornalistas Willian Corrêa e Ricardo Taira, ambos da TV Cultura

Por João Paulo Carvalho
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Quando o jovem Rolando Boldrin, então com 16 anos, resolveu vender o violão da família para conseguir dinheiro e embarcar em uma aventura desconhecida rumo a São Paulo, a tal cidade grande, o pai, seu Amadeu, não pensou duas vezes: “O que é que você fez? Pois vamos buscar de volta esse violão agora, menino”, afirmou ele sem precisar pedir que o filho o seguisse. “Devolva o violão dele. Tome aqui o seu dinheiro”, disse o alto e imponente homem grisalho ao alfaiate Chiquinho Cesário, um conhecido boêmio da pacata cidade de São Joaquim da Barra, a 396 quilômetros da capital paulista. 

Sucesso. Artista marcou época nas telinhas quando comandou o 'Som Brasil', na TV Globo Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Reunião. A família completa de Rolando Boldrin, que veste um terno branco Foto: Acervo pessoal
Infância. O início da carreira musical, no interior de SP, com o irmão Foto: Acervo pessoal

De tempos em tempos, ele voltava a São Joaquim da Barra para visitar os amigos e a família. Seu companheiro mais fiel era o Dito Preto, sim aquele mesmo que ilustra os inúmeros "causos" contados por Boldrin na televisão. Engraxate da barbearia da praça, Dito Preto tinha uma personalidade única. Certa vez ele se apaixonou por uma moça da cidade e queria se declarar a ela. Numa noite de bebedeira, Boldrin e o amigo foram até a paróquia da cidade para pegar a imagem de São Joaquim e cantarolar em frente à porta da pretendente, que tinha uma família muito religiosa. Os amigos ficaram tão bêbados que não conseguiram fazer a serenata. A história chegou no ouvido do delegado, que prendeu Dito Preto. Boldrin precisou voltar de São Paulo para explicar o ocorrido e devolver a imagem de São Joaquim. "Aquele seu irmão artista está na cidade?", indagou o novo padre da paróquia à Irma de Boldrin. "É bom saber, assim escondo todas as imagens daqui", complementou. "Fiquei com fama de sequestrador de santo", gargalha Boldrin.

Exército. Soldado número 967 do batalhão em Quitaúna, em Osasco Foto: Acervo pessoal

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Música. Depois de se aventurar pelo teatro e gravar a última novela, Os Imigrantes, exibida pela TV Bandeirantes, Rolando Boldrin passou a se dedicar apenas à vida musical. Voltou aos velhos tempos da dupla Boy e Formiga, que tinha com o irmão ainda na infância, e investiu nas composições. O casamento com a primeira mulher, a cantora Lurdinha Pereira, fortaleceu tal atividade. 

A consagração de Boldrin, no entanto, veio com o programa Som Brasil, exibido nas manhãs da TV Globo. Recusado outrora por outras emissoras, o projeto de Boldrin acabou decolando. Foi com ele, inclusive, que a música de raiz e a diversidade cultural dos cantores brasileiros ganharam força. “Sempre bati o pé para fazer as coisas do meu jeito, lá na Globo. Eu recusei muitos artistas por achá-los ruins. Toda a produção do programa, assim como o do Sr. Brasil, na Cultura, é minha. Eu escolhia as músicas e os artistas. Eles bem que tentaram pressionar, mas eu não deixava. Foram três anos incríveis”, conta ainda Rolando Boldrin.

Rádio. Boldrin declama trechos de 'Brasil Caboclo' Foto: Acervo pessoal

A HISTÓRIA DE ROLANDO BOLDRIN - SR. BRASILAutor: Willian Corrêa e Ricardo TairaEditora: Contexto (224 págs.;R$ 45)

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