Bienal do Livro em SP supera expectativas e leva 720 mil ao Anhembi

Editoras registram crescimento no faturamento e no volume vendido

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Por Maria Fernanda Rodrigues
Atualização:

Atualizada às 19h Passado o susto do primeiro fim de semana, quando os leitores fãs das escritoras Cassandra Clare - principalmente - e Kiera Cass foram em peso ao Anhembi, que virou um espaço caótico, organizadores e editores fazem as contas finais da 23.ª edição da Bienal do Livro de São Paulo, que terminou ontem à noite. No geral, as vendas foram melhores do que em 2012, a presença de jovens surpreendeu, a programação cultural, a cargo do Sesc, foi a melhor dos últimos tempos e os problemas crônicos da feira - fila para tudo, serviços caros (o estacionamento custava R$ 40) e os ônibus gratuitos não dando conta da demanda - continuaram.

Mauricio de Sousa foi presença constante na feira Foto: Rafael Arbex/Estadão

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Segundo avaliação dos organizadores feita na tarde de ontem, a feira teria recebido 720 mil visitantes desde a abertura, na sexta-feira (22). A expectativa inicial era de 700 mil - em 2012, foram registrados 750 mil visitantes. O segundo fim de semana, menos tumultuado porque não havia nenhum best-seller internacional voltado para o público juvenil, foi o mais cheio - entre sexta e sábado passaram pela feira 180 mil pessoas.

Há muito se questiona se o formato de uma Bienal do Livro é o melhor para despertar nas crianças o gosto pela leitura. Gabrielle Leone, de 17 anos, mostra que ele pode funcionar, sim. Foi Daniele, a irmã mais velha, quem a levou à feira pela primeira vez. Deu um dinheirinho para ela, que foi todo gasto com gibi, para sua frustração. Na edição seguinte, resolveu escolher ela mesma o livro e deu um título de Thalita Rebouças. Algo especial aconteceu ali e Gabrielle se tornou uma leitora voraz. “Leio Thalita desde os 10 anos, mas leio muito outras coisas, como Rick Riordan, a série Divergente, Jogos Vorazes, que compro ou pego na biblioteca”, diz. Ela foi à Bienal no sábado, ficou cerca de três horas na fila para conseguir um autógrafo de Thalita Rebouças - pela 5.ª vez na vida - e voltaria no domingo para gastar os R$ 200 que conseguiu guardar desde que anunciaram a data do evento. E por que tantos autógrafos de Thalita? “Cada vez é uma sensação diferente. É como se ela fosse minha melhor amiga, mas uma amiga distante”, explica. A tiracolo, as irmãs levaram a caçula, Marina, de 5 anos, que se encantava com qualquer livro com os personagens do filme Frozen na capa. 

Thalita Rebouças participou de algumas sessões de autógrafos, assim como Paula Pimenta e outras musas teen. Mas o destaque este ano entre as autoras de chick-lit foi Carina Rissi, que escreve para um público um pouco mais velho do que as primeiras. No sábado, a autora de Encontrada - Em Busca do Felizes Para Sempre começou a autografar às 13 h e só parou às 22h30. Na mesa ao lado, Eduardo Spohr, autor de literatura fantástica, fez o mesmo. Ambos são editados pela Verus, do grupo Record.

“As bienais são sempre voltadas para público jovem, mas este ano foi impressionante. Os 30 livros mais vendidos do nosso estande são para eles e a maioria esmagadora para o público jovem feminino”, comenta Bruno Zolotar, diretor de Marketing da Record. O primeiro livro adulto a figurar na lista foi Eu, Christiane F, a Vida Apesar de Tudo. Zolotar conta que o grupo registrou 60% no aumento do faturamento (até sábado à noite) e que embora o desempenho tenha sido melhor do que na edição anterior, os números não superam os da Bienal do Rio (30% maior). 

Esta foi a melhor Bienal da WMF Martins Fontes, que estima um crescimento de 25% no faturamento. Quem puxou as vendas foi Quem É Você, Alasca?, primeira obra de John Green e que ela lançou em 2010 - antes da explosão de A Culpa É das Estrelas - o livro mais vendido no estande da Intrínseca. A editora carioca bateu, na terça-feira, o faturamento da edição de 2012. 

A Rocco também comemora resultados 30% maiores e credita a seus títulos infantojuvenis nacionais esse bom desempenho. Entre seus autores estão Thalita Rebouças e Carolina Munhoz. A editora Senac faturou 36% a mais este ano. Em volume de títulos vendidos, o aumento foi de 60%. Já a Melhoramentos, que previa melhorar seu faturamento em 12%, viu esse número ser ampliado para 35%, com Ziraldo puxando as vendas. 

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Nem todos tiveram lucro ou fecharam as contas. “Tínhamos a meta de superar a Bienal do Rio, que normalmente é cerca de 30% melhor. Não conseguimos, mas vendemos como em 2012. Se não tivéssemos tido um tumulto tão grande no primeiro fim de semana, talvez tivéssemos atingido a meta”, disse Gerson Ramos, diretor comercial da Planeta. Mauro Palermo, diretor da Globo Livros, também disse que o resultado foi igual ao da edição passada. Renata Borges, diretora da Peirópolis, comemora uma maior presença de professores e de livreiros do interior, mas ainda sentiu falta das editoras independentes, que não conseguem participar por causa dos altos custos.

Bienal em números720 mil é o número estimado de visitantes

100 mil visitantes foi o maior público da Bienal num só dia (sábado, 30)

400 mil pessoas participaram da programação cultural (debates, shows, peças)

120 mil alunos visitaram com a escola

R$ 34 milhões é o orçamento total do evento este ano - R$ 10 milhões dos quais passíveis de captação por leis de incentivo

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