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Autores conversam sobre Associação de Cartunistas pela Paz e 'Charlie Hebdo' na Flip

Plantu, Riad Sattouf e Rafa Campos conversaram sobre quadrinhos e charge política no sábado, 4

Por Guilherme Sobota
Atualização:

PARATY - O cartunista francês Plantu mencionou por diversas vezes a iniciativa Cartoonists for Peace, associação da qual é fundador, na mesa que discutiu quadrinhos e charges políticas na tarde deste sábado, 4, na Flip, em Paraty. Dividindo o espaço com o também francês Riad Sattouf e com o brasileiro Rafa Campos, o colaborador do Le Monde Diplomatique há 30 anos afirmou que não é preciso humilhar ninguém para fazer humor com política e religião.

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"Com a internet, você tem que saber que a imagem chega em todos os lugares e nem todas as pessoas compreendem", disse, após mostrar uma série de charges que publica no jornal francês desde 1985. Existente desde 2006, a instituição foi criada em conjunto com Kofi Anaan numa tentativa de tentar entender o papel dos cartunistas em tempos contemporâneos.

Em outro momento importante do debate, os franceses da mesa comentaram os ataques à revista Charlie Hebdo, em janeiro deste ano.

Tignous, um dos quadrinistas mortos, fazia parte da Cartoonists for Peace e era amigo pessoal de Plantu.

Plantu, Riad Sattouf e Rafa Campos conversaram sobre quadrinhos e charge política no sábado, 4 Foto: Walter Craveiro/Divulgação

"Fiquei totalmente perturbado", comentou Riad Sattouf sobre os ataques. "É importante que as pessoas saibam que na França esses profissionais não viviam numa torre de marfim, eram muito populares e importantes", disse - Sattouf colaborou durante 10 anos com o Charlie Hebdo, até 2014. "Mesmo quem não gostava dos seus desenhos ficou traumatizado", disse - ele ficou sabendo do atentado primeiro pelo twitter.

Leia entrevista de Riad Sattouf ao Estado sobre o seu livro O Árabe do Futuro.

Em outro momento do debate, o brasileiro Rafa Campos, autor da série Deus, Essa Gostosa, publicada periodicamente no jornal Folha de S. Paulo, comentou que seu objetivo quando desenha é irritar o máximo de pessoas possível. "Tenho conseguido", garantiu. Seu personagem é uma espécie de inversão dos valores comumente atribuído à divindade (o deus de Rafa Campos é uma mulher, negra e jovem que não se importa muito com o que os outros fazem).

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"O Brasil é o terceiro reich do índio, o talibã da mulher e o ku klux klan da população negra", lamentou o brasileiro.

Ele também criticou o sobrevalorização da arte na contemporaneidade. "(Quadrinhos) é bem melhor", comentou. "Essa palavra (arte) é muito valorizada... um bom quindim é bem melhor do que quase todo o modernismo brasileiro."

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