Livro inédito da série 'Millennium', 'A Garota na Teia de Aranha' chega às livrarias

A obra foi escrita pelo jornalista sueco David Lagercrantz, escolhido pelos herdeiros de Stieg Larsson; leia um trecho do livro

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Por Maria Fernanda Rodrigues
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(Atualizada às 18h54)

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Quando o jornalista sueco Stieg Larsson morreu, em 2004, vítima de um ataque cardíaco, ele deixou 200 páginas escritas do quarto volume de uma série de thrillers em que vinha trabalhando, a Millennium. Os três primeiros, Os Homens Que Não Amavam as Mulheres, A Menina Que Brincava com Fogo e A Rainha do Castelo de Ar, foram publicados postumamente e viraram best-sellers mundiais, com cerca de 80 milhões de cópias vendidas.

Os leitores devoravam as histórias já esperando o volume seguinte. Mas o autor estava morto. Partiram, então, para outros policiais nórdicos – e o que se viu foi um boom do gênero, sem, no entanto, que alguém conseguisse ocupar a lacuna deixada por Larsson. Assim, na tentativa de prolongar o sucesso da série e a herança recebida – e também de atender os pedidos dos fãs –, o pai e o irmão de Larsson se uniram à editora da obra e encomendaram um quarto volume ao também jornalista sueco David Lagercrantz.

David Lagercrantz, na coletiva de apresentação do novo livro. Foto:AFP PHOTO/JONATHAN NACKSTRAND Foto: David Lagercrantz, na coletiva de apresentação do novo livro. Foto: AFP PHOTO/JONATHAN NACKSTRAND

Depois de dois anos trabalhando na obra sob um rígido esquema de segurança para que a história não vazasse, ele lança, nesta quarta-feira, 27, A Garota na Teia de Aranha, em 26 países. Os direitos da obra já foram vendidos para 43 editores e a tiragem inicial soma 2,7 milhões de exemplares. A expectativa do mercado editorial é que este se torne o livro da estação. A ver se os leitores da trilogia original vão gostar dos rumos que o novo autor deu às aventuras do jornalista Mikael Blomkvist e da hacker Lisbeth Salander. 

Os protagonistas da série terão de investigar o tráfico internacional de informação numa trama que terá, também como personagem, Frans Balder, um expert em inteligência artificial metido numa intriga internacional que vai envolver as forças de segurança da Suécia, a máfia russa, espiões do Vale do Silício e Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos. 

Os herdeiros de Larsson – que, comenta-se, não eram próximos do escritor –, justificaram a escolha de David Lagercrantz em um comunicado que dizia que o jornalista era muito “adequado” à tarefa: “David é um escritor hábil que já retratou personagens ímpares e gênios complexos em sua carreira”. Em seu currículo, o “novo Stieg Larsson” tem a biografia do jogador de futebol Zlatan Ibrahimovic.

Quem não gostou nada dessa história foi a viúva Eva Gabrielsson. Companheira de Larsson por mais de 30 anos, ela perdeu o marido e todo o resto, já que eles não era casados no papel. Em uma entrevista à AFP, ela disse: “Eu não teria dado continuidade ao trabalho de Stieg. Era o seu estilo, sua narrativa única”. E completou: “O pior é que Stieg estaria muito triste. Ele nunca deixava ninguém mexer em seus textos literários. Ele estaria furioso. Quem sabe ele não joga um raio no lançamento?”. Aquelas 200 páginas deixadas por seu marido seguem bem guardadas por ela. 

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Stieg Larsson. Foto: Hanna Teleman Foto: Stieg Larsson

Portanto, o que o leitor terá em mãos a partir desta quarta é uma obra completamente nova inspirada no universo criado por Stieg Larsson e com os mesmos personagens. E isso não é raro no mercado editorial. O caso mais recente foi Os Crimes do Monograma, escrito por Sophie Hanna como se ela fosse Agatha Christie. Apesar de mobilizar os fãs, essas novas obras dificilmente repetem o sucesso das histórias originais.

David Lagercrantz disse ontem, durante entrevista coletiva em Estocolmo, que sente medo das comparações e que escreveu a obra num estado “maníaco-depressivo”. “Estava aterrorizado. Há muito eu dizia que era bipolar, em um estado latente, e creio que isso me ajudou a escrever”, comentou. O jornalista disse, ainda, que deve ter sido muito difícil conviver com ele nesses dois últimos anos. “Eu estava o tempo todo pensando nisso e sentia medo de não estar à altura”, disse. 

O lançamento coincide com o 10.º aniversário da publicação do primeiro volume da série best-seller – que chegou ao Brasil apenas em 2008.

(Com agências internacionais)

Leia um trecho de 'A Garota na Teia de Aranha', novo título da série 'Millennium'

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