Presumivelmente, o pelo pubiano tinha sido usado para marcar o lugar num livro, não se sabe se por ele ou por alguma admiradora. De qualquer maneira, era um pentelho imperial. Pesquisas com reconstituição genética indicam que já é possível remontar um organismo inteiro a partir de uma única célula. Alguma célula do púbis de Dom Pedro deveria se encontrar na raiz do pelo providencial – contando, claro, que a relíquia tivesse sido bem preservada.
Monarquistas poderiam muito bem acenar com a possibilidade de restituição não apenas da monarquia, mas do nosso primeiro monarca, o que – junto com alguns votos comprados, como manda a tradição brasileira – inspiraria o Congresso a aprovar uma mudança do regime. Quem resistiria ao apelo publicitário da volta ao poder do proclamador da nossa Independência, um currículo que nenhum outro pretendente poderia igualar, ou criticar?
A infância, a educação e a preparação de Dom Pedro – ou do Pentelho Primeiro, como ele fatalmente seria conhecido – para o cargo seriam acompanhadas pela nação enternecida, e, depois, se o clone tivesse metade da personalidade fogosa da matriz, suas aventuras seriam o assunto da corte e o divertimento do País. E não estaria afastada a hipótese de um eventual casamento dele com uma plebeia ou uma moça da nossa aristocracia, na catedral de Brasília, ou numa cerimônia privada em Petrópolis.
Dom Pedro de volta seria a solução para o Brasil. Não seria preciso me recompensar por ter tido a ideia, salvo, talvez, com a embaixada em Paris.
Mas acabo de me dar conta que, como o clone necessitaria de tempo para ser gerado e crescer, precisaríamos de uma regência provisória até ele atingir a maioridade, com 18 anos e já com suas costeletas. O PMDB, claro, reivindicaria o cargo, o Aécio Neves não se conformaria em não ser o escolhido e a guerra política reiniciaria.
Esquece, esquece.