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Turnê do Iron Maiden revive época de ouro do heavy metal

A lendária banda britânica mostrou mais uma vez que idade não é obstáculo para rock de qualidade

Por Flavio Leonel
Atualização:

A lendária banda britânica de heavy metal Iron Maiden mostrou mais uma vez que idade não é obstáculo para a realização de espetáculos de rock de qualidade. Em um tempo no qual o gênero musical não mostra a mesma criatividade das décadas de 80 e 90, os músicos da banda, todos na faixa etária de 50 anos, fizeram na oite de domingo, 2, um show digno do período de apogeu do metal, no Estádio Palestra Itália, na zona oeste de São Paulo. O espetáculo integra a turnê mundial ''Somewhere Back in Time'', que comemora o lançamento do DVD duplo ''Live After Death'' e traz para o palco músicas que a banda não inseria há anos em seu repertório. Os cenários dos shows da banda sempre foram um caso à parte, com panos de fundo que caracterizam os álbuns, além de enormes esculturas e explosões pirotécnicas. Foram, entretanto, um dos pontos fracos da apresentação de ontem, pois nas vindas anteriores ao País, a produção tinha uma maior riqueza de detalhes. Como a turnê ''Somewhere Back in Time'' comemorava a fase clássica da banda, esperava-se não apenas a mudança dos bem desenhados panos de fundo do palco, mas também o resgate das grandes esculturas de shows anteriores que entraram para a história do heavy metal. Apesar dos bonitos detalhes egípcios que relembraram a fase Powerslave no cenário, alguns fãs desejavam, por exemplo, ver as famosas esfinges que cuspiram fogo na década de 80. A turnê do Iron Maiden, que teve início na Índia, já passou por Austrália, Japão, Estados Unidos, México, Costa Rica e Colômbia, segue agora para o restante da América do Sul. O show em São Paulo foi o primeiro dos três que a banda faz no Brasil em 2008. Amanhã, a banda se apresenta em Curitiba (PR), na Pedreira Paulo Leminski. Na quarta-feira, tocará em Porto Alegre (RS), no Ginásio Gigantinho. Depois, vai para a Argentina, Chile, Porto Rico e volta para terras norte-americanas em maio. Show Após uma forte chuva, com duração de cerca de dez minutos, o Iron Maiden entrou em cena, às 20h10, com imagens nos telões que mostravam momentos da turnê em outros países e o tão badalado avião com o logotipo da banda. Em seguida, um histórico discurso gravado do primeiro-ministro do Reino Unido durante a Segunda Guerra Mundial, Winston Churchill (1874-1965), serviu de introdução para a música de abertura da banda, Aces Hight, do clássico álbum ''Powerslave'', que muitos brasileiros haviam visto ao vivo apenas no primeiro Rock in Rio, em 1985. Na seqüência, Two Minutes To Midnight, uma música do mesmo disco, mas tocada na maioria dos shows que o Iron Maiden fez anteriormente no País. Em mais uma dobradinha musical, desta vez pertencente ao álbum ''Piece of Mind'', a banda trouxe a belíssima e pouquíssimas vezes tocada Revelations e a também bastante executada em solo brasileiro The Trooper, cujos destaques foram a participação maciça do público no refrão e o vocalista do Iron, Bruce Dickinson, portando uma bandeira britânica. Wasted Years, do álbum Somewhere In Time, foi a quinta música da noite. Com as guitarras de Adrian Smith, David Murray e Janick Gers em uma perfeita sintonia, a banda deu seqüência ao repertório dos sonhos dos fãs presentes. The Number of The Beast, do disco homônimo que fez o Iron quebrar as primeiras barreiras do metal, foi recebida com êxtase total e contou com o inusitado momento em que Dickinson ajudou os assistentes da banda, com um rodo, a puxar a água da chuva que havia caído antes do show sobre palco e que já havia provocado alguns escorregões do vocalista. Depois dela, a banda trouxe Can a Play With Madness, do álbum ''Seventh Son of a Seventh Son''. "Cavalgadas de Guitarra" A oitava música da noite foi a mais longa, mas a que mostrou que os músicos não perderam seus conhecimentos musicais. Rime of the Ancient Mariner, também do álbum ''Powerslave'', com mais de dez minutos, contou com um belo entrosamento da banda, tanto entre os três guitarristas como nos trechos onde o baixista e fundador da banda, Steve Harris, e o baterista Nicko McBrain foram mais exigidos. Na seqüência, a faixa título do mesmo álbum, com as famosas "cavalgadas de guitarra", voltou a agitar a multidão. Heaven Can Wait, do álbum ''Somewhere In Time'', trouxe algumas dezenas de fãs do Iron Maiden que participaram de promoções de rádio ao palco para cantar o trecho em coro bastante conhecido entre os admiradores da banda. Foi seguida por Run To The Hills, do ''The Number of The Beast'', que sempre está presente nas turnês da banda. A décima segunda música da noite foi o hit Fear of The Dark, do álbum de mesmo nome. Apesar de não pertencer à fase clássica do Iron Maiden (foi gravada já nos anos 90), representou o ponto máximo de interação com o público, que cantou a música num coro de 40 mil vozes, acendeu isqueiros e utilizou também luzes de aparelhos de telefone celular, o que deixou o estádio todo iluminado. Eddie futurista Em seguida, a banda trouxe a faixa título do primeiro álbum - Iron Maiden. Para delírio dos roqueiros, o gigante Eddie, mascote que aparece em todas as capas de CD do conjunto, entrou no palco com o visual da época do álbum ''Somewhere In Time'', quando encarnou um caçador de andróides nos tempos do filme Blade Runner, do diretor de cinema Ridley Scott. Após Eddie circular pelo palco e brincar com o guitarrista Janick Gers, a banda deu o show como encerrado, mas o público queria o tradicional bis. Aos gritos de "Olê, olê, olê; Maiden, Maiden", o Iron voltou, com o baixista Steve Harris segurando uma bandeira brasileira. Bruce saldou os componentes do conjunto, elogiou os fãs paulistanos e disse que voltará em menos de um ano ao País para novos shows, desta vez com cenários ainda mais ricos e com espetáculos pirotécnicos. A parte que encerrou o show do Iron Maiden contou com as músicas Moonchild e The Clairvoyant, do álbum ''Seventh Son of a Seventh Son'', além da sempre presente faixa Hallowed Be Thy Name, do álbum ''The Number of The Beast''. O público pediu mais clássicos, mas a banda deixou o palco e todos com a sensação de ter visto um espetáculo - com pouco menos de duas horas - de que não se esquecerão tão cedo.

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