Tumulto e festa, é Caetano na Virada

Noite de sábado teve um público enorme, com direito a tumulto, para ver o cantor com o bloco Tarado Ni Você

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Por Julio Maria e Guilherme Sobota
Atualização:
Show de Caetano Veloso e o bloco Tarado Ni Você, no centro de São Paulo. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Responsável por abrir a Virada Cultural 2018, Baby do Brasil surgiu em clima de carnaval em cima do trio elétrico que dividiu com Tulipa Ruiz e Pitty na Avenida Consolação. Pregando liberdade e cantando sucessos dos Novos Baianos e da carreira solo, o cortejo reuniu milhares de pessoas. A expectativa da prefeitura era atrair 3 milhões de pessoas para o principal evento cultural da cidade, mais do que dobro do que no ano passado.

Menino do Rio e Tinindo Trincando encerraram o set de Baby, que passou o bastão para Tulipa Ruiz e sua brasilidade indie. 

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Antes mesmo de Caetano Veloso subir ao trio elétrico do bloco Tarado Ni Você, na noite de sábado, na Consolação, houve confusão e um enorme empurra-empurra. Perto das 21h30, a situação ficou próxima do desastre. Acalmado o tumulto, teve prosseguimento o cortejo de Caetano e o Tarado com destino à Rua Xavier de Toledo ao som de Vamos Comer Caetano, de Adriana Calcanhotto. Na sequência, clássicos como Odara, A Luz de Tieta e Tropicália, Alegria Alegria empolgavam o enorme público que lotava a região até a Praça Roosevelt. 

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Era bem tranquilo o começo da Virada nas ruas que circundam a Praça da República por volta das 21h do sábado. Na própria República, o palco principal Queer tinha o rapper Rico Dalassam ainda cantando para uma plateia tranquila. Rico falou da importância de sua música e sobre a quebra de muros que o preconceito levanta.

Ali perto, na Rua Sete de Abril, um dos palcos Rock tinha a Ego Kill Talent fazendo um show muito competente para uma plateia espremida no corredor estreito da Sete de Abril. A Biblioteca Mario de Andrade, com uma programação de teatro e exposição de fotos, valia como um refúgio a viradeiros em busca de descanso. 

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Segundo relatos de viradeiros experientes, o melhor da Virada Cultural é fazer o que só existe na Virada, aquelas atrações pensadas para este final de semana ou que são raras nos palcos de São Paulo. O domingo segue então com essa mistura de atrações que vão do blockbuster, atraentes às massas, aos mais undergrounds, espalhados por palcos do centro.

Domingo O Cinesesc, da Rua Augusta, depois de fazer algo que jamais fez no sábado, 19, usando banda de jazz para executar as partes musicais do filme Shadows (Sobras), de John Cassavetes, tem a exibição de um ótimo filme na tarde de hoje. Axé - Canto do Povo de um Lugar, documentário do diretor Chico Kertész, é um retrato respeitoso e ao mesmo tempo muito bem humorado sobre o fenômeno que se impôs das ruas de Salvador para o Brasil nos anos 1990. Ótimas entrevistas e histórias reveladoras de um momento raramente levado a sério pelos estudiosos.

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A Sala Olido, na Avenida São João, vai homenagear a bossa nova durante toda a sua programação (a Virada não informa isso, mas em 2018 completam-se 60 anos da bossa nova, quando levamos em conta o disco que João Gilberto gravou em 1958, com Chega de Saudade). Na programação de hoje, dois destaques para se por um foco: às 10h, a ótima cantora Claudya, ao lado da filha Graziela Medori, mostram as músicas do show Bossa Nova de Mãe pra Filha. No final do dia, às 18h, as duas voltam para uma homenagem a Johnny Alf, um dos precursores mais definitivos desse cenário. Estarão também Alaíde Costa, Jane Duboc, Verônica Ferriani, Virgínia Rosa, Blubell, Jane Moraes, Vânia Bastos e Claudette Soares. Um desfile de grandes vozes.

O palco jazz & instrumental, na Rua Conselheiro Crispiniano com a Sete de Abril, tem pela manhã, às 11h, o grupo brasileiro La Cumbia Negra, do qual participou o produtor Carlos Eduardo Miranda. É um som caribenho e roqueiro, calcado no ritmo colombiano, muito dançante.

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