Tônia Carrero ganha no Rio sala com seu nome

Aos 83 anos, atriz faz à noite o discurso de inauguração, no Teatro do Leblon

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

A atriz Tônia Carrero pediu ao neto, o biólogo e dramaturgo Carlos Thiré, para escrever o discurso que fará hoje à noite, porque teme perder as palavras de tanta emoção. Com o monólogo A Descoberta das Américas, de Dario Fo, será inaugurada a sala que leva seu nome, uma homenagem que recebe aos 83 anos de idade. "Há 10, 20 anos, eu duvidaria se mereço, mas hoje acho que chega em boa hora, pelo menos antes de eu morrer", brinca Tônia, que tem planos para 2007. "Vou encenar A Barca para o Sonho, de Arthur Adamov, um autor russo, com patrocínio da Petrobrás. É um drama, com dois personagens, mas ainda não escolhi o diretor nem com quem vou contracenar." A Sala Tônia Carrero tem 250 lugares, boca de cena de 8 metros e é a caçula do Teatro do Leblon, que tem também as Salas Fernanda Montenegro e Marília Pêra. Tônia teve várias e importantes companhias em suas quase seis décadas de carreira, trouxe para o Brasil diretores e autores fundamentais e viveu momentos históricos no palco, como Dois Perdidos numa Noite Suja, nos anos 60, Casa de Bonecas, nos anos 70, e Quartet, dirigido pelo então pouco conhecido Gerald Thomas, nos anos 80. Mas nunca teve seu próprio teatro. "Sempre me produzi, mas uma sala com meu nome era o que faltava na minha história", comenta ela. "Vou comemorar com meu filho, meus quatro netos e quatro bisnetos. Minha família e meu trabalho são as melhores coisas que construí na vida. Todos são ligados ao teatro, ninguém é rico, mas somos muito felizes." A aproximação entre Tônia e os proprietários do Teatro do Leblon, Ecila Mutzembecher e Wilson Rodrigues, deu-se porque a primeira fez uma tese de mestrado sobre a companhia Carrero/Celi/Autran, que revolucionou a cena brasileira nos anos 50. "Eu queria entender como as pessoas, naquela época, produziam sem parar e sem patrocínio ou incentivos fiscais. Pediam dinheiro aos bancos e depois pagavam o empréstimo com a bilheteria", conta Ecila, cujo teatro é um dos poucos, no Rio, que não recebe verbas públicas. ´Com a tese, eu me aproximei dela e ninguém era mais indicado para estar ao lado de Fernanda Montenegro e Marília Pêra.´ O Teatro do Leblon teve êxitos como A Dona da História (de João Falcão, com Marieta Severo e Andréia Beltrão), Master Class (com Marília Pêra) e Pérola (de Mauro Rasi, com Vera Holtz). Além de A Descoberta da América, a Sala Tônia Carrero abrigará o infantil Bruno e Sua Trupe Tropical, de Bruno Descaves, e A Gente se Ama, com Marcelo Tabak e Alice Borges, dirigidos por Flávio Marinho.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.