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Som a Pino: “Morre o homem, fica a fama...”

Woody Allen, uma vez, quando indagado sobre a morte, respondeu “sou radicalmente contra”, eu também sou. Partindo daí, sou mais contra ainda artistas que morrem sem ter sua obra reconhecida. São tantos. Fico pensando se em vida tivessem a oportunidade de ver a música, o quadro, o filme ressoando em outras pessoas, era isso que queriam e nunca puderam aproveitar. Tem coisas que levam tempo, eu sei. Mas o tempo, infelizmente, leva coisas.

Por Roberta Martinelli
Atualização:

MORRE UM GRANDE ARTISTA

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Erasto Vasconcelos, músico, compositor e escritor morreu na quinta-feira passada. Nascido em Sítio Novo, Olinda, tocou com um bocado de gente: Gal Costa, Gilberto Gil, Hermeto Pascoal, acompanhou movimentos como a Tropicália e o Clube da Esquina, tem belíssimas composições, lançou em 2005 o até então primeiro trabalho solo Jornal da Palmeira, com produção de Fabio Trummer, da banda Eddie. Sempre que eu escuto alguma música de Erasto lembro de Trummer, eu conheci o trabalho dele através da música O Baile Betinha e, quando resolvi escrever sobre ele, achei que não poderia fazer de outra maneira senão ligando pro Fabio, que me contou um pouco dos 20 anos de amizade que começam na música Eu soul Eddie.

Quando ele conheceu Erasto, não conhecia a obra e foi descobrindo aos poucos e “quanto mais conhecia, mais admirava” e assim eles viraram grandes parceiros, “a gente que é músico que precisa divulgar a obra dele, a música da gente depende disso aí” e é nessa frase que o texto que seria apenas de homenagem vira um novo capítulo de vida que segue com uma outra geração. E sobre reconhecimento em vida, ele teve? “Sim, reconhecimento pela qualidade da obra e não pela massificação do trabalho”, quer melhor?

Amizade. Trummer e Erasto Foto:  

RECONHECIDA EM VIDA

Dia 7 de dezembro, a SIM (Semana Internacional de Música de São Paulo) faz a festa de abertura no Auditório Ibirapuera com show de Mahmundi e depois Liniker e os Caramelows convidam Elza Soares. O show é gratuito e será um lindo encontro.

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Elza Soares lançou em 2015 o disco A mulher do fim do mundo, o primeiro de inéditas em mais de sessenta anos de carreira, junto com músicos e compositores que fazem a música hoje em SP. Elza é finalmente reconhecida e reverenciada em vida e todo esse tempo de espera traz mais força para o seu grito em forma de canção, “eu quero cantar até o fim...”.

A VELHA DA CAPA PRETA

E escrevendo a coluna, só pensava nessa música de Siba:

“Disse a morte para a foice: Passei a vida matando, mas já estou me abusando desse emprego de matar, porque eu já pude notar que em todo lugar que eu vou o povo já se matou antes mesmo de eu chegar. Quero me aposentar pra ganhar tranquilidade deixando a humanidade matando no meu lugar”.

MALOCA É MARÉ

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Sabotage

Assassinado aos 29 anos de idade no dia 24 de janeiro de 2003, o rapper Sabotage vive em disco póstumo com produção de Rica Amabis, Tejo Damasceno e Daniel Ganjaman.

A produção partiu de um material gravado por ele e guardado como tesouro, ou melhor, como compromisso.