Rússia barra arte 'provocativa' que seria exibida em Paris
As autoridades russas retiraram várias
trabalhos de arte moderna de uma exposição na França por serem
muito "provocativos", incluindo uma obra em que dois policiais
aparecem se beijando e acariciando as nádegas um do outro.
Artistas e especialistas disseram que o movimento para
retirar 17 trabalhos da exibição, que será inaugurada na semana
que vem, é um ato de censura estatal -- algo que vai contra o
desejo dos artistas de exibir a diversidade da vida russa nos
dias de hoje.
As imagens, fotografias e instalações, trazidas juntas pela
Galeria Estatal Tretyakov da Rússia, serão exibidas no hall da
Maison Rouge como parte do "Ano da Rússia" na França.
Entretanto autoridades disseram que as 17 peças trariam
desgraça para a Rússia e são uma "provocação política" dos
artistas.
"Se esta exposição aparecer lá (na França), trará vergonha
à Rússia e, neste caso, todos nós vamos enfrentar toda a
responsabilidade", informou o ministro da Cultura, Alexander
Sokolov, em uma coletiva, segundo a imprensa do país.
Ele disse "é inadmissível... levar toda essa pornografia,
policiais beijoqueiros e imagens eróticas" para Paris.
A fotografia de dois policiais russos, de uniforme, se
beijando e se acariciando em um bosque, foi feita por um grupo
de arte chamado "Narizes Azuis". A obra é intitulada "Era da
Compaixão".
Slava Mizin, co-fundador do grupo, classificou as críticas
como infundadas e produto de um "pensamento radical e
assimétrico".
"Nós não pretendíamos dizer outra coisa, nós queríamos
mostrar --aqui está uma era de compaixão vinda depois dos duros
anos 60-- duas pessoas estão se beijando. Ponto final", disse o
artista à Reuters.
"Eu admito que há algo provocativo nisto. Mas se as pessoas
apenas levassem isso como pornografia ou erotismo, então, no
final, é apenas uma bobagem".