Richard Gere e Diane Lane, a química após os 40

Filme do diretor estreante George C. Wolfe reúne novamente a dupla de 'Cotton Club' e 'Infidelidade'

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Por Franthiesco Ballerini , Luiz Carlos Merten , do JT e do Estado de S. Paulo
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Muitos filmes só saem do papel após o roteiro ser aprovado por um diretor ou o orçamento aceito pelos produtores. No caso de Noites de Tormenta, que estréia nesta sexta, 3, havia uma condição imprescindível para ele chegar às telas: a aprovação de Richard Gere e Diane Lane.   Veja também: Trailer de Noites de Tormenta    Aprovados pelo público como o casal pós-40 anos com mais química no cinema, Gere e Diane repetem a parceria pela terceira vez, após terem trabalhado juntos em Cotton Club (1984), de Francis Ford Coppola, e Infidelidade (2002), de Adrian Lyne. "Você não pode criar química entre dois atores. O público já havia aprovado ambos antes e só faríamos o filme se eles aceitassem. Na verdade, Gere e Diane estão no projeto bem antes de mim", contou o diretor estreante George C. Wolfe no lançamento do filme em Los Angeles.   Em Cotton Club, eles viviam uma cantora de cabaré e um gângster que se apaixonam, enquanto em Infidelidade eram um casal em crise por conta da repentina traição dela. Em Noites de Tormenta, Gere e Diane voltam a ser meros desconhecidos que se apaixonam num hotel paradisíaco enquanto tentam resolver os problemas com os filhos de seus casamentos fracassados. "A nossa primeira vez foi ok, a segunda foi boa. Já esta terceira...", brincou Gere, plenamente descontraído ao lado da amiga, se é que se pode chamar a relação de amizade.   "Não temos nenhuma relação fora do cinema e tampouco sentimos atraídos um pelo outro. As únicas vezes que nos vemos é quando estamos filmando e depois ficamos anos sem nos falar. Graças a Deus temos casamentos maravilhosos para suprir essa distância", brincou ele. "Fico muito lisonjeada de saber que o Gere e eu somos considerados o casal com mais química. Mas acho que há outros tão entrosados quanto nós, como a Meg Ryan e o Tom Hanks", diz Diane Lane. "Já fiz filmes com atores que são bons mas eu não sentia nada, a relação era fraca. Por conseqüência, a cena não ficava tão boa", completa a atriz, belíssima nos seus 43 anos, ao que ela credita à "humildade perante à vida e a Deus".   Adaptação de mais um livro do escritor Nicholas Sparks (Uma Carta de Amor; Diário de Uma Paixão), Noites de Tormenta pretende atingir um público que segundo a produtora Denise Di Novi é malservido em Hollywood. "O cinema se esquece que as pessoas se apaixonam depois dos 30 anos e insiste em atender apenas o espectador entre os 20 anos", diz.   A paixão de Adrienne (Diane) e o médico Paul (Richard) se desenrola em meio às crises de relacionamento com os filhos adolescentes. Na vida real, Richard Gere tem um filho de 9 anos com a ex-mulher, a atriz Carey Lowell, e Diane tem uma adolescente fruto do primeiro casamento com o ator Christopher Lambert. "Não há dúvidas de que usamos nossas convivências pessoais para entender o que o filme propõe. A Eleanor é adolescente hoje. Quando era pequena, gostava de sair comigo. Hoje, me quer bem longe, mas é quando eu tenho de estar perto para ver o que ela anda fazendo ou o que ela procurando na internet", conta Diane.   Filme foi rodado na cidade de Rodanthe (que dá nome ao filme em inglês), localizada no Estado norte-americano da Carolina do Norte, numa área conhecida como o Cemitério do Atlântico, pela grande quantidade de tempestades e furacões que atingem a região. Os atores chegaram a presenciar algumas tormentas que atingiram a costa precocemente no ano passado. O registro dessa fúria da natureza, com as dunas e água tomando conta de um hotel fictício montado na praia são interessantes de se ver. Fora isso, o filme é mesmo para agradar a mães e tias, que vão encharcar o lencinho de papel ao ver o casal quarentão se apaixonar e sofrer pela terceira vez nos cinemas.  (O repórter viajou a convite da produtora)   Crítica, por Luiz Carlos Merten   Exibido nos primeiros dias do Festival do Rio, Noites de Tormenta não fez muito sucesso de público nem de crítica, apesar dos elogios unânimes para a fotografia de Afonso Beato, grande diretor de fotografia do cinema brasileiro, cuja carreira inclui passagem por Hollywood e pelo cinema europeu (Almodóvar). Se é cinéfilo, você sabe - quando a crítica fica comentando a fotografia de um filme é porque ele não é bom. Não que a fotografia não seja importante, mas ela está a serviço da história, das intenções estéticas do autor e, se o filme dá certo, a imagem é tão integrante do processo que não precisa ser analisada à parte. No máximo, vai querer destacar quem fez aquele trabalho notável.   Noites de Tormenta baseia-se num romance de Nicholas Sparks, autor de outros livros que originaram filmes como Diário de Uma Paixão, Um Amor Para Recordar e Mensagem de Amor. Só os títulos já dizem que o amor e suas variações fornecem o material da literatura de Sparks. Em Hollywood, os produtores já esperam ansiosamente pelos seus trabalhos. Seu valor ‘literário’ é nulo, ou quase. Sparks escreve livros para consumo, best sellers que você guarda somente até iniciar a leitura do próximo.   A razão de ser de Noites de Tormenta é reunir a dupla Richard Gere/Diane Lane, de Infidelidade, thriller de Adrien Lyne que não deixa de ser variação de Atração Fatal, do próprio diretor. Gere e Diane agora são casados, mas com outros parceiros. Ela faz divorciada que não sabe o que fazer da vida. Ele é médico que vive crise de consciência. Em busca de tempo para pensar, ambos vão parar numa pousada paradisíaca, onde iniciam romance. Aproxima-se uma tormenta e ela vira metáfora das emoções que consomem a dupla. Diane é uma bela mulher, madura e sensual. Gere exibe o charme de suas cãs. O diretor George C. Wolfe fez o que não deixa de ser o diário de uma paixão ou um amor para recordar. Puro Nicholas Sparks. Infidelidade podia não ser muito melhor, mas Adrien Lyne pelo menos sabe ser mais provocativo.   Noites de Tormenta (Nights in Rodanthe, EUA/2008, 97 min.) - Romance. Dir. George C. Wolfe. 10 anos. Cotação: Regular

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