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Relíquias de Pelé em exposição no Masp

Por Agencia Estado
Atualização:

A chuteira usada por Pelé em seu milésimo gol. A rede em que a bola entrou, além da própria bola. A caixa de engraxate com que Pelé trabalhava para ajudar sua família quando criança. O rádio que o artilheiro comprou para o pai ouvir a Copa de 58. E a televisão de 14 polegadas que ele trouxe da Suécia, já campeão. Peças como estas são parte do relicário montado no Masp até o dia 31 de março, totalizando 547 lembranças pesoais do maior craque da história do futebol. O mito talvez seja o melhor argumento para explicar a dimensão da exposição Pelé - A Arte do Rei. "É o reconhecimento do mito", diz o curador francês Romaric Buel. "Pelé é arte, é artista. Por isso, Nélson Rodrigues já dizia que quando Pelé chegasse ao céu seria saudado de companheiro por Dante, Homero...", repete Buel. Organizar a mostra consumiu seis meses de trabalho de cerca de 150 profissionais - pesquisadores, restauradores, jornalistas e museólogos. O resultado foi a reunião de 547 peças que antes estavam espalhadas e, agora, estão organizadas e catalogadas. "O Rei tem de ser descoberto pelos mais jovens. Sua história tem de ser resgatada. Ele é um gênio. E genialidade é sinônimo de arte", pede Buel. Entre as peças reunidas na mostra, o público poderá ver relíquias como a chuteira usada em 19 de novembro de 1969, no Maracanã, na partida em que Pelé marcou seu milésimo gol (o Santos venceu o Vasco por 2 a 1). Há também o par que o craque utilizou na campanha do tricampeonato mundial no México, em 1970. Mas a viagem ao universo no qual Pelé reina começa com imagens de cinema. É logo na entrada, no primeiro contato com a exposição. Ele acompanha a exibição, em três telas, de um vídeo sobre a exposição, com trechos narrados pelo próprio homenageado. Mais alguns passos, e os sentidos são aguçados com o som de "Pelé... Pelé...". Isso dentro de um túnel, imitando os existentes nas saídas de vestiários. No fim dele, uma foto do craque com o punho erguido é destacada por iluminação especial. A contribuição multimídia é reforçada com um telão para mostrar movimentos do ex-jogador, em uma composição que lembra um balé. Continuando, é hora de ter contato com os objetos. Os primeiros são a rede e a bola do milésimo gol. No módulo seguinte, painel gráfico situa Pelé na história do mundo e do Brasil. Referências artísticas surgem na seqüência. É quando o espaço ganha a presença de renomados artistas como Djanira, Cândido Portinari, Rubens Gerchman e Andy Warhol. O futebol, de forma abrangente, também é tema desse módulo. Para introduzir o fã em um dos pontos mais emocionantes da mostra, a organização colocou uma biografia sintetizada da trajetória do atleta. Visto isso, é a vez de se emocionar com um relato, em vídeo, da vida de Édson Arantes do Nascimento. Da época em que era um garoto em Bauru, interior de São Paulo, e trabalhava como engraxate para ajudar na renda familiar. E a caixa usada por ele no ofício é o ponto alto da etapa seguinte. Além do rádio comprado pelo craque com o dinheiro do seu segundo contrato com o Santos e através do qual o pai Dondinho ouviu, em 31 de março de 1958, a convocação do filho para a Copa da Suécia. Do país europeu, Pelé trouxe o prestígio consolidado e uma televisão de 14 polegadas, que recebeu as cores verde e amarelo nas laterais. Ela está integrando o módulo. O principal está no fim a exposição. São três peças, uma delas a preferida do ex-jogador. "Foi uma surpresa para ele a termos recuperado (estava com um jornalista). É um objeto do qual ele gosta muito, tem muito carinho", explica Cristiana Monte Alto, diretora de marketing da Pelé Pro e coordenadora-geral do evento. É o troféu de mais jovem campeão do mundo, dado ao craque pela Federação Russa, em 1958. Há mais dois troféus. Um intitulado "Atleta do Século" e oferecido em 1980 pelo jornal L´Equipe, da França, após uma eleição que Pelé venceu com 178 votos. E uma réplica da Taça Jules Rimet, do acervo do ex-jogador, encerram a mostra. Pelé - A Arte do Rei - Masp: Avenida Paulista, 1.578. De terça a domingo, das 11h às 18h. Até 31 de março. Ingressos a R$ 10.

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